O partido de centro Eslováquia Progressista, de Michal Simecka, vice-presidente do Parlamento Europeu, venceu, neste sábado (30), as eleições legislativas do país centro-europeu, segundo pesquisas de boca de urna.

O Eslováquia Progressista obteve 23,5% dos votos, segundo consulta realizada pela agência Focus para a TV Markiza. Outra pesquisa, realizada pelo grupo de veículos públicos RTVS, indica que o partido obteve 19,97% dos votos.

Ainda segundo as pesquisas, o partido populista Smer-SD, do ex-primeiro-ministro Robert Fico, ficou em segundo lugar nas eleições, que determinarão a política externa do país e seu apoio à Ucrânia nos próximos anos.

A votação no país de 5,4 milhões de habitantes, membro da UE e da Otan, é considerada chave para determinar se manterá o atual curso pró-Ocidente ou se fará uma guinada para a Rússia.

O principal adversário de Simecka é o ex-premiê Robert Fico, do partido Smer-SD, a quem as pesquisas de boca de urna atribuem, respectivamente, 21,9% e 19,1%.

O vencedor do pleito precisará do apoio de outros partidos menores para alcançar a maioria na Câmara, que tem 150 assentos.

O governo eleito substituirá o gabinete de coalizão de centro-direita, no poder desde 2020, e que mudou três vezes em três anos.

– Desinformação –

A campanha foi dura e foi marcada por desavenças entre os candidatos e pela desinformação, com Fico atacando a UE, a Otan e a minoria LGBTQ.

Ele também se mostrou contrário a seguir com a ajuda militar à Ucrânia, que luta contra a invasão russa desde fevereiro de 2022. A Eslováquia foi o primeiro membro da Otan a enviar aviões de combate a Kiev – caças MiG de concepção soviética.

Simecka propôs exatamente o contrário e prometeu se desfazer da Eslováquia do “passado”, em alusão aos três mandatos de Fico como premiê (2006-2010 e 2012-2018).

“Estas eleições são decisivas para a orientação futura do nosso país no tema da política externa, defesa e segurança, mas também (…) para o futuro da democracia”, disse à AFP o cientista político Grigorij Meseznikov.

A campanha também foi marcada por uma onda de desinformação que atingiu metade da população, segundo analistas.

Mesmo durante os dois dias de reflexão antes da votação, Simecka foi alvo de um vídeo repleto de informações falsas.

Em entrevista esta semana à AFP, a presidente eslovaca, Zuzana Caputova, criticou uma campanha marcada por “emoções, como a ira e, até mesmo, o ódio”.

Sentada em um banco no centro da capital, Bratislava, Sona Hankina diz que votará no Eslováquia Progressista por “eliminação” e na falta de uma opção melhor.

“O que está em jogo é importante, mas é óbvio que nada vai mudar no fundo”, explica. “Se não tivesse uma filha pequena, nem mesmo moraria neste país. É por ela que vou votar”.

La elección de socios para el partido vencedor se anuncia variada, ya que podrían entrar en el Parlamento 11 formaciones.

Os potenciais parceiros de Fico, também contrários a continuar apoiando militarmente a Ucrânia, são o partido República, de extrema direita, e o Partido Nacional Eslovaco (SNS), com o qual ele já governou no passado.

O Eslováquia Progressista, por sua vez, poderia optar pelos partidos da coalizão de centro direita do governo em fim de mandato.

Fico se demitiu em 2018 após a onda de indignação provocada pelo assassinato do jornalista investigativo Jan Kuciak e sua companheira, Martina Kusnirova.

Kuciak tinha revelado a existência de supostos vínculos entre a máfia italiana e o governo de Fico em sua última matéria, publicada em caráter póstumo.

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