30/11/2021 - 14:07
ROMA, 30 NOV (ANSA) – O partido antissistema italiano Movimento 5 Estrelas (M5S) abandonou mais uma de suas bandeiras históricas nesta terça-feira (30) e passou a aceitar financiamento público para suas campanhas, ainda que indiretamente.
Atravessando uma crise existencial desde que chegou ao governo, em junho de 2018, o M5S submeteu a uma votação online entre seus inscritos a possibilidade de receber doações por meio de um instrumento chamado “2×1000”.
Esse recurso permite que qualquer cidadão repasse 2? de seu próprio imposto de renda do ano anterior para uma legenda política e é considerado um financiamento público indireto, já que o dinheiro é deduzido da quantia que o contribuinte pagaria ao Estado.
A recusa de qualquer tipo de financiamento público era um dos principais pontos programáticos do M5S, mas os eleitores do partido aprovaram o 2×1000 com 72% dos votos, de acordo com o líder da sigla, o ex-premiê Giuseppe Conte, apoiador da mudança.
“O M5S se transformou em um partido tradicional”, ironizou no Twitter o senador Andrea Marcucci, do Partido Democrático (PD), de centro-esquerda.
De fato, essa não é a primeira vez que o movimento antissistema cede às práticas do establishment. Ao longo dos últimos anos, o M5S já abriu mão do limite à reeleição entre seus candidatos e da promessa de jamais se aliar aos partidos tradicionais.
Vencedor das eleições de 2018, o movimento governou primeiro em aliança com a Liga, de ultradireita, depois com o PD, de centro-esquerda, e agora integra uma coalizão de união nacional no gabinete do premiê Mario Draghi, símbolo do establishment da União Europeia – a qual o M5S prometia combater.
Essas recorrentes mudanças de direção provocaram diversos rachas no partido e também o derrubaram nas pesquisas de intenção de voto. Antes o mais popular do país, o M5S aparece agora apenas em quarto lugar, com cerca de 16% dos votos, atrás do PD (21%) do Irmãos da Itália (20%), de ultradireita, e da Liga (19%).
(ANSA).