A participação de instrumentos do mercado de capitais entre as fontes de financiamento de projetos de longo prazo alcançou 17% em 2016, avanço em relação a 2015 quando esta participação era de 3,8%, informou nesta quarta-feira, 3, a Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiros e de Capitais (Anbima). As debêntures de infraestrutura, enquadradas na lei 12.431/11 (debêntures incentivadas) somaram R$ 1,9 bilhão no ano passado, com aumento de 74,4% em relação ao período anterior.

No boletim anual de Financiamento de Projetos produzido pela associação, o diretor José Eduardo Laloni destaca que o aumento no uso dos instrumentos de mercado capitais para financiamento de projetos reflete, entre outros aspectos, a diminuição do volume de desembolsos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Ele lembra que os desembolsos pelo banco de fomento foram, no ano passado, 53% menores na comparação com 2015.

O volume de financiamento de projetos estruturados (na modalidade Project Finance) no ano passado foi de R$ 11,3 bilhões, com queda de 36,2% na comparação com 2015. “O resultado mostra o impacto que a retração da atividade econômica do País teve sobre as decisões de investimento”, completa Laloni.

Somando os financiamentos e as parcelas de capital próprio, os projetos movimentaram R$ 19,1 bilhões e envolveram 27 operações no ano passado, com recuo de 29,8% em volume de recursos e de 27% no número de projetos na comparação ao ano anterior. As 21 concessões realizadas em 2016 movimentaram R$ 8,9 bilhões, contra 141 concessões em 2015, que totalizaram R$ 38,7 bilhões. “Para 2017, o volume de concessões tem sido impulsionado pela retomada dos leilões em transporte e logística que vimos nos primeiros meses do ano”, afirma Rui Gomes, coordenador do subcomitê de Financiamento de Projetos da Anbima.

Segundo Rui Gomes, as projeções de queda das taxas de juros melhoram as perspectivas de uso de instrumentos de mercado de capitais para 2017, especialmente as debêntures incentivadas. Nos primeiros meses deste ano já foram informadas à ANBIMA operações de R$ 1,5 bilhão com debêntures que serão emitidas nos próximos anos como complemento do financiamento do BNDES.

Em perfil similar ao observado nos últimos períodos, os projetos realizados em 2016 concentraram-se, em termos de volume, nos setores de energia (55,2%) e de transporte e logística (42,4%), com uma pequena participação de projetos de saneamento (2,4%). No setor de energia, o segmento de eólica foi o responsável pela maior parte dos recursos (41,9%) e do número de operações (50%).