O ex-técnico Carlos Alberto Parreira voltou a se pronunciar como um defensor ferrenho da escola brasileira perante a chegada de treinadores estrangeiros ao mercado nacional nesta quarta-feira. Ele será o comandante do time nacional no retorno da seleção brasileira de masters, no jogo amistoso que a equipe, formada por campeões mundiais de 1994, fará contra os veteranos da Itália, vice-campeã daquela Copa do Mundo, nesta quinta-feira em Fortaleza.

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Na entrevista coletiva concedida após o treinamento das duas equipes no Estádio Presidente Vargas, local do evento intitulado “Seleções de Lendas ’94”, e que contou com as presenças do ex-goleiro Taffarel, do ex-líbero Franco Baresi e do ex-técnico Arrigo Sacchi, todos envolvidos naquela decisão, Parreira desconversou sobre uma possível trégua de Romário – que tem presença confirmada no evento – com a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) e exaltou Zagallo como “o maior treinador de todos os tempos”.

Mesmo sem se posicionar de forma direta em relação aos técnicos estrangeiros, Parreira voltou a usar o termo “essência brasileira” logo após ouvir uma pergunta direcionada a Sacchi sobre conceitos modernos de futebol, como pressão alta e jogo coletivo. De acordo com o repórter que fez o questionamento, o trabalho do italiano teria influenciado o estilo de jogo de várias equipes.

“Ninguém pode deixar de reconhecer o que o Arrigo Sacchi fez com o Milan e a seleção italiana para o futebol mundial, as coisas que ele lançou, a modernidade, defesa avançada, marcação sob pressão… São ideias maravilhosas, que marcaram a história do futebol e muita gente copiou, mas a minha escola sempre foi a brasileira”, retrucou Parreira, antes de citar seu coordenador técnico em 1994 na seleção: “Desde 1970 tive o privilégio de trabalhar com o maior treinador da história do futebol mundial, Mario Jorge Lobo Zagallo. E em 1994 não fizemos nada diferente do que é o futebol brasileiro: marcação por zona, linha de quatro e posse de bola”, afirmou.

Aposentado do futebol profissional desde 2014, quando esteve na comissão técnica de Luiz Felipe Scolari no Mundial de 2014 no Brasil, Parreira não quis se meter em polêmicas quando perguntado sobre a volta de Romário aos eventos organizados pela CBF. Por muitos anos o ex-camisa 11 manteve relacionamento tenso com a confederação.

“Eu não fiz nada (para trazê-lo). Gostaria que o Romário estivesse conosco em todos os momentos. Isso foi mérito da CBF e do próprio Romário. O grupo sabe o que ele representou para aquela Copa de 1994 e é muito bom tê-lo conosco aqui”, disse, corroborado por Taffarel, que classificou o momento como a celebração de uma “união que não acabou após aquele Mundial”.

Maior destaque da Copa de 1994, Romário não participou do reconhecimento do gramado do Presidente Vargas nesta quarta-feira, mas tem presença confirmada para o amistoso desta quinta.

Antes da entrevista, as duas equipes realizaram seus treinamentos no mesmo momento, cada uma utilizando um lado do gramado do segundo maior estádio da capital cearense. Parreira ainda brincou sobre a importância de realizar uma atividade leve. “Queremos essa turma inteira amanhã, se a gente faz um treino puxado aqui, não haveria ninguém amanhã em campo”, afirmou, aos risos.

Além de Romário, Cafu foi o único a não se apresentar para a atividade entre os ex-atletas que foram anunciados pela organização do evento. Já Bebeto e Aldair estiveram no PV, mas foram poupados do treino devido a problemas físicos e devem jogar.

Também campeões na Copa dos Estados Unidos, Jorginho, Mazinho, Ronaldão, Viola, Zinho, Paulo Sérgio, Márcio Santos, Gilmar e Ricardo Rocha terão os reforços de Mauro Galvão, Palhinha e Careca na equipe nacional que entra em campo nesta quinta-feira. Todos fizeram um fizeram um treino descompromissado nesta quarta.

Parreira informou ainda que o encontro entre jogadores históricos de Brasil e Itália será o primeiro evento de uma sequência. “Este jogo (de Fortaleza) ficou restrito a jogadores que participaram da Copa de 1994 e de outros que foram convocados durante aquelas Eliminatórias, mas daqui pra frente a ideia da CBF é manter essas partidas. A assiduidade vai depender dos adversários (disponíveis), mas será muito mais abrangente, com jogadores de outras Copas do Mundo”.