Pároco de Gaza revela que palestinos desejam a própria morte

VATICANO, 24 MAI (ANSA) – O pároco da Sagrada Família, igreja católica na Faixa de Gaza, revelou neste sábado (24) que muita gente no enclave palestino deseja a própria morte, em decorrência do sofrimento na guerra entre Israel e o Hamas.   

“Aqui tem tanta gente que deseja a morte, tanta maldade atinge todo mundo, é uma sensação terrível”, afirmou o pároco argentino de origem italiana Gabriel Romanelli.   

Segundo o religioso, o número de transtornos psicológicos, como “depressão, tristeza, nervosismo, violência, até verbal, desinteresse por tudo”, registrados nos civis na Faixa de Gaza têm registrado um aumento.   

“Isso afeta também quem tem família, quem é casado e tem filhos”, afirma Romanelli, enfatizando que o desconforto também afeta “as crianças”.   

O pároco de Gaza destaca que os menores “não falam bem, não conseguem se concentrar” e estão com “tensão, hiperatividade, necessidade constante de atenção”.   

“Há crianças que dormem mal ou que não dormem mais, em seus escritos percebe-se a falta de estudo sistemático, a falta de atenção, em alguns casos a falta de esperança”, lamentou.   

Romanelli explicou ainda que a paróquia também tenta atender a essas novas necessidades que não são materiais, mas ainda constituem emergências.   

“Tentamos ajudar mais as crianças também com atividades artísticas, esportivas, em grupo. Pedimos que os adultos prestem mais atenção”, alertou.   

Apesar da guerra e das dificuldades que aumentam dia a dia, na paróquia latina de Gaza os sinos continuam a tocar “para marcar os tempos das funções”, missas, terços, confissões, adoração.   

Para o missionário argentino, elas são importantes “não só para a vida espiritual”, mas também para “manter um certo ritmo, uma rotina, uma ordem na vida diária”.   

Desde o início da guerra entre Israel e Hamas, em 7 de outubro de 2023, o padre da Sagrada Família recebeu ligações quase diárias do então papa Francisco para prestar solidariedade ao povo palestino. Em meio ao conflito armado, a própria escola da paróquia foi atingida por um bombardeio israelense em julho de 2024. (ANSA).