O Parlamento venezuelano, de maioria opositora, considerou uma “tentativa de golpe de Estado” a proposta do governo de adiantar as eleições legislativas – previstas para 2020 – e uni-las às presidenciais do próximo 22 de abril.

“Esta tentativa de golpe de Estado tem, entre seus objetivos, tirar o controle da administração pública nacional, que, constitucionalmente, corresponde a esta Assembleia Nacional”, apontou nesta quinta-feira uma nota da Câmara.

Para o legislativo, a proposta evidencia o “propósito totalitário” do governo de Maduro de “controlar todos os poderes públicos através de um grande simulacro eleitoral”.

O Parlamento é o único poder controlado pela oposição.

O número dois do governista Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV), Diosdado Cabello, disse que vai pedir à Assembleia Constituinte, que rege a Venezuela com plenos poderes, para unir ambas eleições.

Maduro respaldou a ideia e propôs fazer no mesmo dia a eleição de deputados regionais e vereadores.

“Vamos fazer eleições poderosas (…) e deixar livres quatro anos (sem pleitos) para nos dedicarmos ao trabalho da prosperidade econômica”, afirmou o mandatário.

As eleições presidenciais deveriam acontecer em dezembro, mas foram adiantadas pela Assembleia Constituinte, desconhecida pela oposição e por parte da comunidade internacional.

O Parlamento acrescentou que “não conhece a legitimidade” da Constituinte para “cortar” seu mandato de cinco anos. Ele “só pode ser modificado através de uma emenda constitucional ou a aprovação de uma nova Constituição”, acrescentou.

A Assembleia Nacional afirmou que, ao concentrar “o seu esforço no confronto político”, o governo pretende fugir da responsabilidades pela crise socioeconômica, com hiperinflação e uma aguda escassez de alimentos e medicamentos.