O Parlamento da Turquia ratificou, nesta quinta-feira (30), após dez meses de incertezas, a adesão da Finlândia à Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), que já tem luz verde de todos os membros da aliança.

Após um breve debate, no qual reconheceram as “legítimas preocupações de segurança” da Finlândia, os deputados turcos votaram por unanimidade para que este país nórdico aderisse à organização.

O secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, viu com satisfação a votação dos legisladores turcos e assegurou no Twitter que a entrada da Finlândia “fará com que toda a família da Otan seja mais forte e segura”.

O aval da Turquia deixa a Finlândia, que compartilha 1.340 km de fronteira com a Rússia, a poucos passos técnicos de tornar-se o 31º membro do bloco militar liderado pelos Estados Unidos.

As autoridades esperam completar o processo na semana que vem.

O presidente finlandês, Sauli Niinisto, agradeceu aos futuros parceiros pela “confiança e apoio”. “A Finlândia será um aliado forte e capaz, comprometido com a segurança da aliança”, declarou.

A primeira-ministra do país, Sanna Marin, prometeu “defender uns aos outros” e disse no Twitter que a Finlândia apoia a candidatura da Suécia, que segue bloqueada por Ancara.

A invasão da Ucrânia pela Rússia levou a Finlândia e a vizinha Suécia a abandonar sua política histórica de neutralidade para apresentar candidaturas à adesão à Otan em maio do ano passado.

Suas candidaturas foram aceitas em uma cúpula da aliança em junho, mas depois tiveram que ser ratificadas pelos países membros, um processo que foi adiado pela Turquia e Hungria.

– Suécia segue na espera –

O presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, bloqueou as candidaturas dos dois países nórdicos, principalmente da Suécia, devido a uma série de disputas antigas.

No entanto, Erdogan mostrou-se mais favorável à aceitação da entrada da Finlândia em janeiro, o que obrigou os países nórdicos a separarem a tramitação das suas candidaturas.

Helsinque recebeu o sinal verde de Erdogan em meados de março, ratificado nesta quinta-feira pelos deputados turcos. O Parlamento húngaro já havia dado seu aval na segunda-feira.

Os legisladores húngaros deviam aprovar a entrada da Suécia na aliança durante a atual sessão legislativa que termina em 15 de junho, mas um porta-voz do primeiro-ministro húngaro, Viktor Orban, pediu na quarta-feira que Estocolmo esclareça “um grande número de queixas” antes.

A Suécia irritou Orban, um dos líderes europeus mais próximos do presidente russo, Vladimir Putin, por expressar preocupação com o respeito da Hungria pelo estado de direito.

Estocolmo também está em disputa com a Turquia por sua recusa em extraditar dezenas de pessoas que Erdogan diz estarem ligadas ao golpe fracassado de 2016 e à insurgência armada curda.

A Suécia espera conseguir a adesão antes da cúpula da Otan em julho em Vilnius, capital da Lituânia.

A maioria dos analistas considera que Ancara não ratificará o acesso até depois das eleições gerais de maio.

– “Objetivos legítimos” –

A Otan foi criada como contrapeso à União Soviética no início da Guerra Fria, mas após a queda do bloco comunista vem se expandindo em direção às fronteiras da Rússia.

Sua influência nos países do leste e sul da Europa, anteriormente sob o controle de Moscou, irritou o Kremlin e prejudicou suas relações com os Estados Unidos.

De fato, Putin citou o crescimento da Otan como uma das razões para lançar sua guerra na Ucrânia em fevereiro de 2022.

Mas a invasão incentivou o fim do não alinhamento militar da Suécia e da Finlândia e multiplicou o apoio da aliança à Ucrânia, que agora recebe tanques e armamento pesado dos países dessa organização.

Embora a princípio tenha minimizado o movimento de Helsinque e Estocolmo, nas últimas semanas a Rússia endureceu seu discurso em relação a esses países.

A Suécia convocou esta semana o embaixador russo em Estocolmo, que afirmou que os dois países nórdicos se tornariam “alvos legítimos” para “medidas retaliatórias” em caso de adesão à Otan.

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