O Parlamento líbio, que não reconhece a legitimidade do Governo de União Nacional (GNA) estabelecido em Trípoli, votou neste sábado o rompimento das relações com a Turquia, após um recente acordo militar concluído entre Ancara e o GNA, segundo um porta-voz.

A assembleia também solicitou que o chefe do GNA – governo reconhecido pela comunidade internacional – Fayez al-Sarraj seja julgado por “alta traição”.

Eleito em 2014, o Parlamento é aliado do marechal Khalifa Haftar, homem forte do leste da Líbia que lançou uma ofensiva contra o GNA em abril.

Durante uma sessão em Benghazi (leste), o Parlamento “votou por unanimidade a ruptura das relações com a Turquia”, disse o porta-voz Abdallah Bleheq.

Ele também aprovou “o cancelamento dos memorandos de segurança e cooperação […] militar entre o governo” de Fayez al Sarraj e a Turquia, acrescentou.

O GNA assinou dois acordos com a Turquia no final de novembro. O primeiro é sobre cooperação militar e a ajuda que Ancara poderia dar ao GNA em sua luta contra as tropas de Haftar, e o segundo permite à Turquia exercer seus direitos em vastas áreas do Mediterrâneo oriental, ricas em hidrocarbonetos, em detrimento da Grécia, Egito, Chipre e Israel.

Enquanto isso, o Parlamento turco votou na quinta-feira uma moção que permite ao presidente Recep Tayyip Erdogan enviar soldados para a Líbia em apoio ao GNA.

O Parlamento líbio está atualmente enfraquecido por divisões, após a partida para Trípoli de cerca de quarenta deputados contrários a Haftar.

O GNA e o marechal Haftar disputam o poder há anos na Líbia, um país mergulhado no caos desde a derrubada do regime de Muammar Kadafi em 2011.