O Parlamento israelense aprovou nesta quarta-feira em leitura preliminar um polêmico projeto de lei sobre a legislação das casas construídas por colonos israelenses na Cisjordânia ocupada em terras particulares palestinas.
Este texto criticado no exterior foi adotado com o apoio do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu e diz respeito entre 2.000 e 3.000 habitações na Cisjordânia. Ele ainda deve ser votado em três leituras pelo Parlamento antes de se tornar lei.
A votação aconteceu depois de um compromisso de última hora entre Netanyahu e seu ministro das Finanças Moshe Kahlon, chefe do partido centrista Kulanu, que votou a favor.
Moshe Kahlon alertou que o seu partido se reservava o direito de “bloquear o texto se nas próximas fases de sua adoção violasse o Supremo Tribunal”, sem dar mais detalhes.
Ele estava se referindo ao papel crucial desempenhado neste caso pela mais alta instância judiciária israelense, que ordenou a demolição até 25 de dezembro da colônia chamada de Amona.
Amona está no centro da mobilização daqueles que defendem a colonização e os promotores do texto aprovado nesta quarta-feira.
O líder da oposição trabalhista, Isaac Herzog, denunciou o projeto de lei, proclamando que era “contrário à lei israelense e ao direito internacional, porque legaliza o roubo” de terras.
A análise do texto pelo Parlamento nesta quarta foi apenas preliminar, mas a votação já coloca à prova a coalizão governamental, confrontada ao seu teste mais crítico desde a sua formação em maio de 2015.
O texto foi aprovado no domingo por comissão do governo de sete ministros.
Os ministros do partido nacionalista religioso Pátria Judaica decidiram, assim, desafiar o primeiro-ministro e colocar o texto em votação.
Este texto tem como objetivo evitar, em primeiro lugar, o desmantelamento do assentamento de Amona, lar de quarenta famílias israelenses na Cisjordânia, território palestino ocupado por Israel desde 1967.
Para Hanan Cristal, comentarista político da rádio pública, o líder do Pátria Judaica Naftali “Bennett se apropriou de um direito de veto ideológico para tudo o que diz respeito à colonização e assim conseguiu ditar a agenda do governo (…) É uma vitória suficiente para ele”.
No entanto, a revolta da direita e do lobby dos colonos ajudou a derrubar governos de direita no passado, incluindo o primeiro gabinete liderado por Benjamin Netanyahu, em 1999, que havia aceitado o princípio de uma retirada parcial da Cisjordânia durante uma cúpula em Wye Plantation, nos Estados Unidos, diz ele.