Moção de censura da direita e manifestações regulares: com a aproximação da eleição presidencial de 2017, o governo socialista francês parece cada vez mais enfraquecido como evidenciado pelo percurso caótico de sua reforma trabalhista.

Sem maioria sobre este texto, que deveria ser a última grande reforma de François Hollande, o governo recorreu na terça-feira ao artigo 49-3 da Constituição para adotá-lo sem uma votação pelo Parlamento.

A oposição de direita imediatamente entrou com uma moção de censura.

Após um debate nesta quinta-feira, 288 deputados deverão aprovar a moção para derrubar o governo. Mas esta perspectiva é improvável, uma vez que os socialistas “rebeldes” e ambientalistas, opostos à reforma, já anunciaram que não querem se juntar à direita.

Feito sem precedentes desde a chegada ao poder, em 2012, de François Hollande, os críticos de esquerda tentaram registrar sua própria moção de censura, falhando por apenas dois votos.

“Espero mudanças no governo, do primeiro-ministro”, declarou o líder dos socialistas ‘rebeldes’, Christian Paul, referindo-se ao “naufrágio político” do executivo.

A rebelião de parte da esquerda começou com a virada social-liberal do presidente operada em janeiro de 2014. E se acentuou com a virada da área de segurança, desencadeada após os atentados jihadistas de 2015.

O último combate diz respeito à reforma trabalhista, muito contestada nas ruas há mais de dois meses. A mobilização atingiu seu pico em 31 de março, com 390.000 manifestantes em toda a França.

Nesta quinta-feira, algumas ações de bloqueio em escolas e estradas ocorreram no oeste da França e em Grenoble (Alpes), antes de manifestações em todo o país.

O objetivo de reforma, de acordo com o Governo, é dar mais flexibilidade às empresas para lutar contra o desemprego endêmico (mais de 10%).

A direita considera o texto “muito tímido”, enquanto os críticos de esquerda acusam o projeto de agravar a insegurança no trabalho.

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