A mesa diretora da Assembleia Nacional (Câmara Baixa) da França aceitou nesta terça-feira (17) debater uma proposta de destituição do presidente Emmanuel Macron por se recusar a nomear a candidata ao cargo de primeira-ministra da coalizão de esquerda, a mais votada nas eleições legislativas recentes.

A recusa de Macron a designar a economista Lucia Castets, proposta pela Nova Frente Popular (NPF), é uma “violação grave do dever de respeitar a vontade expressada pelo sufrágio universal”, afirma a iniciativa aprovada.

O início do processo parlamentar da proposta, apresentada principalmente pelo partido de esquerda radical A França Insubmissa (LFI), recebeu o apoio dos demais membros da NFP na mesa da Assembleia Nacional, segundo várias fontes.

“É um evento inédito na história da Quinta República”, comemorou a líder parlamentar da LFI, Mathilde Panot. Porém, o impeachment de Macron é improvável, uma vez que exige a maioria de dois terços.

A mesa, o órgão diretor da Câmara, validou a primeira etapa por 12 votos a 10, segundo o líder do grupo União de Direitas, Éric Ciotti, que estabeleceu uma aliança com a líder de extrema direita Marine Le Pen nas eleições legislativas antecipadas de junho.

As eleições, convocadas de maneira inesperada pelo presidente três anos antes do previsto, deixaram a Assembleia dividida em três blocos principais – esquerda, a aliança de centro-direita de Macron e a extrema direita -, todos distantes da maioria absoluta de 289 deputados.

Apesar da vitória da NFP nas eleições, com 193 deputados, Macron nomeou o político veterano Michel Barnier, membro do partido de direita Os Republicanos (47 deputados), como primeiro-ministro por considerar que ele teria mais chances de vencer um voto de confiança.

A Comissão de Leis, na qual a esquerda não tem maioria, deve debater a proposta antes do envio ao plenário da Assembleia Nacional.

O líder da bancada parlamentar do partido de Macron, Gabriel Attal, descreveu a proposta como uma declaração de guerra contra as instituições, enquanto Le Pen a considerou uma “cortina de fumaçada extrema esquerda para esconder os seus supostos compromissos com o partido governista.

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