O Parlamento Europeu atribuiu nesta quinta-feira (19) o Prêmio Sakharov para a Liberdade de Consciência 2023 a Mahsa Amini, uma jovem iraniana que morreu no ano passado enquanto estava sob custódia policial, e ao movimento “Mulher, Vida e Liberdade”.

A presidente do Parlamento Europeu, Roberta Metsola, disse ao fazer o anúncio que a morte de Amini desencadeou “um movimento liderado por mulheres que está fazendo história”.

Metsola acrescentou que o prêmio foi uma “homenagem às mulheres, homens e jovens no Irã que, apesar de estarem sob pressão crescente, lideram o impulso para a mudança”.

O anúncio ocorreu apenas duas semanas depois de a ativista iraniana Narges Mohammadi, de 51 anos, atualmente presa no seu país, ter recebido o Prêmio Nobel da Paz.

O dia 16 de setembro de 2022, quando morreu a jovem curda iraniana Amini, “é uma data que permanecerá na infâmia”, disse Metsola.

O movimento “Mulher, Vida e Liberdade”, que surgiu no Irã, baseia-se em “três palavras que se tornaram um slogan de todos aqueles a favor da igualdade, da dignidade e da liberdade no Irã”, acrescentou a presidente do Parlamento Europeu.

No processo de seleção, Amini e o movimento que inspirou obtiveram o apoio enfático dos três maiores blocos políticos representados no Parlamento Europeu.

Amini foi presa no ano passado pela polícia da moral do Irã por supostamente violar o código de vestimenta do país, que exige que as mulheres cubram a cabeça com um véu e usem roupas discretas.

A jovem, de 22 anos, morreu três dias depois, enquanto estava sob custódia policial.

A morte de Amini provocou protestos em todo o Irã e deu origem ao movimento “Mulher, Vida e Liberdade”.

No entanto, as manifestações e protestos foram severamente reprimidos. Diante deste cenário, a UE adotou sanções contra os responsáveis pela repressão, incluindo altos dirigentes do órgão especial Guarda Revolucionária do Irã.

O Prêmio Sakharov para a Liberdade de Consciência é atribuído anualmente pelo Parlamento Europeu e presta homenagem ao físico nuclear e dissidente soviético Andrei Sakharov, vencedor do Prêmio Nobel da Paz em 1975.

O vencedor do Prêmio Sakharov é decidido por votação no chamado Colégio de Presidentes, que reúne o líder do Parlamento Europeu e os chefes dos blocos partidários.

O prêmio é acompanhado por uma recompensa de 50 mil euros (cerca de 53 mil dólares ou 267 mil reais na cotação atual) e será entregue no dia 13 de dezembro.

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