O autor Manoel Carlos, um dos nomes mais influentes da teledramaturgia brasileira, está sendo assistido por uma equipe médica. A informação foi confirmada nesta sexta-feira, 18, pela produtora Boa Palavra, que representa oficialmente o escritor de 92 anos.
Em comunicado divulgado nas redes sociais, a equipe do autor informou que ele está sendo cuidado de forma atenta por sua esposa, Elisabety, e por sua filha, Júlia, além dos profissionais de saúde responsáveis pelo tratamento.
O texto também reforça que qualquer atualização sobre o estado de saúde de Manoel Carlos será divulgada exclusivamente pela produtora ou pela assessoria de imprensa. “Comunicados oficiais serão feitos apenas por este perfil ou por sua assessoria. Informações divulgadas por outros canais não devem ser consideradas”, diz o aviso.
Em janeiro deste ano, os representantes do autor — conhecido no meio artístico como Maneco — já haviam relatado um agravamento no quadro de saúde, causado pelo avanço da doença de Parkinson. Na época, foi informado que ele apresentava piora nas funções motoras e cognitivas.
Na mesma ocasião, sua filha, Júlia Almeida, fez uma declaração pública negando boatos de que o pai estaria em isolamento. Ela esclareceu que Manoel Carlos havia passado por uma cirurgia no final de dezembro, sem entrar em detalhes sobre o procedimento.
Afastado das novelas desde 2014, quando assinou a trama ‘Em Família’, Manoel Carlos foi diagnosticado com Parkinson há seis anos e, desde então, tem mantido uma rotina reservada, longe dos holofotes.
Parkinson
Em junho de 2022, a reportagem da IstoÉ Gente conversou com o médico Wanderley Cerqueira de Lima, neurocirurgião do Hospital Israelita Albert Einstein, que explicou tudo sobre a doença que, além de acometer Manoel Carlos, também atingiu a jornalista do Fantástico, Renata Capucci, diagnosticada com Parkinson em 2018. A doença, mesmo sem cura, tem tratamento.
“Parkinson (DP) é uma doença neurodegenerativa e de evolução progressiva que ataca o sistema nervoso central. Sua causa é indefinida, embora fatores genéticos e ambientais possam ser determinantes, como remédios para o tratamento de distúrbios psíquicos (principalmente o remédio Aldol), agrotóxicos e outras substâncias químicas. A doença acomete com maior frequência os homens do que as mulheres e, geralmente, surge após os 50 anos de idade, mas também pode ocorrer em outras faixas etárias. O Parkinson precoce pode surgir entre os 40 e 50 anos”, começou o médico.
“O paciente apresenta manifestações motoras e não motoras, e a demência pode surgir em cinco ou mais anos após o início dos sintomas. Como não há cura, o tratamento é feito à base de medicamentos que buscam reduzir a progressão da doença.”
“No caso da jornalista Renata Capucci, ela cita que não percebia que estava mancando, e depois o marido notou seu braço rígido. Isso pode acontecer, e é especialmente importante ficar atento a qualquer alteração nas manifestações de tremores e rigidez no corpo”, continuou Wanderley Cerqueira.
Manifestações da Doença de Parkinson:
Tremores;
Rigidez muscular;
Diminuição dos movimentos;
Alterações da postura e do equilíbrio.
Sintomas não motores:
Disfunções autonômicas (hipotensão postural, sintomas gastrointestinais, constipação, problemas urinários, disfunção sexual);
Psicose;
Apatia, depressão, ansiedade, alguns transtornos do humor;
Distúrbios do sono.
O Parkinson pode ser unilateral ou bilateral, e o paciente também apresenta movimentos finos dos dedos das mãos, como se estivesse contando moedas ou enrolando pílulas. Há rigidez muscular, diminuição dos gestos faciais, dificuldade para engolir e lentidão ao caminhar.
Nos núcleos da base do encéfalo, há uma diminuição do neurotransmissor chamado dopamina, substância indispensável para o bom funcionamento do cérebro, atuando no controle dos movimentos, memória e sensação de prazer.
O diagnóstico é clínico, com base no histórico do paciente e em exames neurológicos, como a ressonância magnética do encéfalo, que auxilia na confirmação, já que não existe um exame específico para a doença.
Tratamento
O tratamento é individualizado, e utiliza-se a droga levodopa em todas as fases da doença. Outros tratamentos incluem antidepressivos e medicamentos para constipação intestinal. É importante a realização de fisioterapia, fonoaudiologia, terapia ocupacional, suporte psicológico e apoio familiar.
Quando os pacientes apresentam tremores que não respondem aos medicamentos ou têm intolerância aos mesmos, o tratamento neurocirúrgico pode ser realizado com o implante de eletrodo cerebral profundo, conectado a um marca-passo. É importante destacar que pacientes com demência ou depressão grave não podem receber o implante. O prognóstico da DP é progressivo e não há prevenção.
O neurocirurgião finalizou dizendo que, atualmente, existem pesquisas promissoras para a doença, o que representa sempre uma esperança. Estima-se que 1% da população mundial tenha o diagnóstico. Só no Brasil, cerca de 200 mil pessoas sofrem com o problema.