A três dias da passagem do bastão da sede olímpica entre Tóquio e Paris, o presidente do Comitê Organizador dos Jogos de 2024, o francês Tony Estanguet, disse que está “preparado para uma maratona com a velocidade de uma prova de 100 metros” pela intensidade da preparação do evento, ao mesmo tempo que prometeu uma Olimpíada ainda “mais espetacular e mais exemplar”, em entrevista à AFP.

 

Pergunta: Que conclusão você tira dos Jogos Olímpicos de Tóquio, uma edição tão especial por ser disputada sem torcedores?

Resposta: “É bom reencontrar as emoções do esporte, esta é a primeira lição. Nós gostamos dos Jogos e estes Jogos são uma mensagem bonita de esperança, de universalidade, com emoções muito fortes, grandes alegrias, grandes decepções. O segundo ensinamento de Tóquio-2020 é sua capacidade de adaptação. A bolha sanitária demonstrou que os organizadores encontraram um modelo que permitiu controlar, proteger os atletas e a população”.

 

P: Vocês trabalham com um cenário de pandemia?

R: “Não sabemos ainda em que contextos os Jogos devem acontecer. Estamos praticamente seguros de que enfrentaremos dificuldades, sejam climáticas ou sanitárias, e no momento adequado será necessário tomar decisões. É importante aqui para observar. Vamos digerir tudo isto, antecipar diferentes opções. Sabemos que teremos que nos acostumar a viver com a covid e podemos esperar que daqui até 2024 a situação melhore”.

 

P: Você assistiu as novas modalidades, como skate ou escalada, que serão disputadas em Paris?

R: “Sim. Gostei em particular do ambiente, da programação musical com DJ. Se observa que é algo jovem, dinâmico, rápido, espetacular. Conversei com os atletas dessas modalidades e estão felizes por estarem aqui, felizes também com o nosso conceito entre a Praça da Concórdia (de Paris) para os esportes urbanos ou o mar do Taiti (para o surfe). Precisamos dessa diversidade de provas. Falei com americanos sobre as sensações de diferentes emissoras de televisão e é algo que estimula. São esportes que geraram um bom impacto. Tiveram grandes audiências, especialmente nos grandes mercados chinês, indiano e americano”.

 

P: A passagem de bastão da sede acontecerá no domingo na cerimônia de encerramento. O que isso muda para o Comitê Organizador Paris-2024?

R: “Que nervoso! Que emoção poder oficialmente receber dentro de alguns dias o status de próxima sede. Cem anos depois dos últimos Jogos Olímpicos de verão (de Paris-1924), vamos levar os Jogos de volta para casa. Estamos em boa forma, nos preparamos bem para correr esta maratona com a velocidade de uma prova de 100 metros. Teremos que acelerar. Nosso ponto forte é a capacidade para propor um novo modelo dos Jogos, com Jogos mais espetaculares, mais exemplares, entre aspas, com uma autêntica exigência no plano financeiro, no aspecto do meio ambiente e em nossa vontade para abrir as portas para que as pessoas consigam realmente viver a aventura. A França tem tudo para encantar o mundo. Seremos vistos por quatro bilhões de pessoas!”.

 

P: Em que consistirá a cerimônia de abertura no rio Sena anunciada pelo presidente Emmanuel Macron?

R: “Desejamos tirar a cerimônia de abertura do estádio e colocá-la no coração da cidade de Paris. O objetivo até o fim do ano é confirmar a viabilidade desta cerimônia no centro da cidade. Depois, nós teremos que trabalhar de verdade, a partir do início do próximo ano, para imaginar um espetáculo em pleno centro da cidade”.

 

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