Treino, dedicação e persistência. Esse são pilares de qualquer atleta olímpico de alto rendimento. Contudo, apesar de todo o trabalho intensivo, uma vida de dedicação ao esporte que pratica, quando chega na “Hora H” os atletas se apegam a algo além disso: as superstições.

No Brasil, onde o futebol é o esporte mais dominante, podemos ver de perto essas práticas diariamente: atletas pisando no gramado primeiro com o pé direito, objetos posicionados perto das balizas defendida pelos goleiros, “rituais” indispensáveis antes do jogo começar etc.

Quando se trata de Olimpíada, o cenário não é diferente. Mesmo que não entre em jogo, as famosas “mandingas” fazem parte do cotidiano dos maiores atletas do mundo. Grandes campeões também possuem suas “manias”.

O místico, a fé, a “esquisitice”. Não há nada que comprove que tais crenças de fato funcionam. Mas, na hora do “vamos ver”, vale tudo para entrar para história.

Em Paris-2024 teremos alguns novos exemplos curiosos e interessantes para observar. Entretanto, além dos novos, também é bom contemplar os antigos. Muitos dos grandes feitos olímpicos foram consagrados com a “ajuda” dos costumes dos supersticiosos.

O caminho da glória

Ser campeão olímpico é para poucos , mas também existem atletas que nasceram para serem campeões e os maiores de seus esportes.

Michael Phelps, por exemplo, é o maior campeão olímpico da história, com 23 medalhas de ouro na bagagem. Para conseguir tal feito, certamente o nadador abdicou de muita coisa e se dedicou exclusivamente ao esporte que tanto amava.

Além do empenho infindável do “homem-peixe”, ele também se apegava a um ritual costumeiro para cair na piscina em busca dos seus grandes feitos. Antes de subir no bloco de impulso, o gigante de 1,93m girava no mínimo três vezes o braço. Os amantes da natação, ou das Olímpiadas, que acompanharam a lenda norte-americana, sabiam que quando ele fazia esse movimento, a história estava para ser escrita.

Saindo das piscinas e indo para as pistas de atletismo temos outro causo interessante. Usain bolt, o “raio”, costumava tagarelar antes de disparar rumo à uma medalha, distanciando sua mente da corrida e o deixando mais leve. Antes da partida ele sempre apontava para o céu, um sinal de fé que marca sua trajetória.

Tie-break

A palavra tie break, muito utilizada nas partidas de tênis, significa desempate. O tie break ocorre quando uma partida chega ao seu momento mais decisivo, com ambos os jogadores tendo conquistado um set cada ou seis games dentro do set. Para chegar nesses momentos tão importantes e fundamentais para a glorificação dentro do esporte, os tenistas se apegam a diversas superstições.

Para os amantes do tênis será um deleite acompanhar Rafael Nadal e suas manias durante as partidas em Paris, provavelmente as últimas de “El Toro Miúra”. O tenista espanhol, um dos maiores de todos os tempos, é também conhecido por todo seu “protocolo” antes de sacar a bola: arruma o cabelo, coça o nariz e ajeita o calção. Uma mania praticada durante tantos anos dentro do circuito que certamente deixará saudades ao torcedor.

Mas, para quem acha que ele se limita a isso, está enganado. Nadal costuma alternar goles de água de duas garrafas diferentes (exatamente alinhadas),  além de sempre ser visto saindo do vestiário aos pulos e rotineiramente toma uma ducha gelada de 45 minutos antes dos jogos.

Outros tenistas, como Naomi Osaka e Daniil Medvedev, também já declararam que as superstições fazem parte da carreira dos atletas. A japonesa, duas vezes campeã de US Open, já afirmou que suas garrafas precisam estar em total alinhamento. O russo, por sua vez, tem o costume de comer exatamente 2h30 antes de cada partida.

Barba vai para jogo?

A vaidade também faz parte do mundo dos atletas. A Olimpíada é um evento assistido por todo o globo e, certamente, os atletas gostam de aparecer bem nas fotos. Não é o caso do italiano Gianmarco Tamberi, campeão olímpico no salto em altura em Tóquio-2020, que parece não se importar muito com as aparências.

O “showman” ficou marcado na última Olimpíada ao conquistar a medalha de ouro, de maneira divida, com seu adversário. Ambos os atletas estavam empatados e optaram por dividir o lugar mais alto do pódio. Não obstante, o saltador italiano é caracterizado por algo não tão comum: desde 2011 Tamberi opta por deixar a barba feita pela metade. Essa é uma superstição que o atleta não pretende abrir mão e, em Paris-2024, devemos ver novamente cenas curiosas do italiano.

Meias da sorte

Quem nunca acreditou que um objeto trazia sorte? “Meias da sorte”, por exemplo, são utensílios valiosos e indispensáveis para supersticiosos. Multicampeã no tênis, a americana Serena Willians utilizava durante o inicio da sua carreira sempre a mesma meia durante um torneio inteiro. Isso mesmo, sem lava-las. Essa “esquisitice” parece ter dado certo, já que Serena ganhou seu primeiro Grand Slam da modalidade com apenas 18 anos.

Trazendo para o recorte de Paris, essa mania não ficará de fora. A surfista havaiana Carissa Moore, medalhista de ouro em Tóquio-2020, colocará sua superstição para jogo pela última vez nos Jogos Olímpicos. Carissa possui suas meias da sorte e faz questão que elas estejam presentes. Entretanto, ela não pode usa-las durante as provas. Sobra para o namorado, sortudo escolhido para usar as meias da sorte da campeã durante as provas da surfista.

Não para por aí!

Falar de todas as superstições, de todos os atletas, é complicado. Cada competidor tem seu lado “místico” e isso faz parte do cotidiano deles. As vezes, essa superstição surge por um acaso. Ao vencer uma partida de basquete, por exemplo, o atleta pode se apegar aos mínimos detalhes, como a movimentação feita por ele mesmo antes em quadra.

A ciclista britânica Laura Kenny costumava pisar em uma toalha molhada para ficar com as meias úmidas antes de colocar as sapatilhas de corrida. O hábito surgiu justamente dessa maneira. Coincidentemente a atleta venceu uma corrida com as meias molhadas.

Em outras situações, a superstição pode ser relacionado aos gostos pessoais. O jogador de vôlei brasileiro Darlan Souza sempre realiza um movimento inspirado em Naruto antes do saque. A atleta americana de salto em altura Vashti Cunningham gosta de assistir a uma sessão de  “Kill Bill” na noite anterior a cada competição.

Exemplos é o que não falta. A Olimpíada de Paris-2024 está chegando e é hora de acompanhar todas as manias e talentos dos maiores atletas do mundo.