O judô é uma arte marcial esportiva criada e desenvolvida no Japão, mas que se espalhou pelo mundo, se popularizando em diversos países. O esporte é considerado um dos mais tradicionais em Jogos Olímpicos e estará presente novamente em Paris-2024.
Praticada como esporte de combate desde 1882, no Japão, o judô tem como pilares a coordenação motora, concentração, físico, autoconfiança, espírito e a mente.
+ Paris-2024: conheça mais sobre o boxe em Jogos Olímpicos
+ Paris-2024: conheça mais sobre o golfe em Jogos Olímpicos
O esporte competitivo tem um formato e objetivo simples: nas lutas, os judocas devem derrubar seus adversários no chão utilizando uma série de técnicas. As lutas, em Olimpíada, tem duração de 5 mintuos. As pontuações são definidas de acordo com a queda do oponente:
- Yuko : quando o adversário é projetado e cai com a lateral do corpo no solo, ou é imobilizado por um tempo de 10s a 14s.
- Wazari: quando o adversário é projetado de costas no chão sem força ou velocidade, ou quando é imobilizado por um tempo de 15s a 19s;
- Ippon: quando projeta o adversário de costas no chão com força e velocidade, finalização por chave de braço ou estrangulamento ou imobilização no solo por 20s;
Dessa maneira, o Yuko é a pontuação mais fraca, seguida do Wazari. O Ippon é a finalização do judô, quando aplicado a luta termina. Para a contagem, um wazari prevalece sobre qualquer quantidade de yuko. Dois wazari equivalem a um ippon.
Em Paris-2024, o judô fará sua 15ª aparição em Jogos Olímpicos e promete ser uma das principais atrações do torneio.
Judô em Olimpíadas
Apesar de ser um dos esportes mais prestigiados e que mais distribui medalhas, a história do judô na Olimpíada não é tão antiga quanto outras modalidades. O esporte só foi incluído no cronograma em Tóquio-1964, apenas no masculino. As mulheres puderam participar do torneio a partir de Barcelona-1992.
Nos Jogos Olímpicos a modalidade teve, em todas as edições, no mínimo 4 categorias de disputa. O máximo alcançado foi de 8. Em Tóquio-2020, 14 categorias estiveram presentes, 7 no masculino e no feminino: pesado, meio-pesado, médio, meio-médio, leve, meio-leve e ligeiro. Além disso, foi introduzida uma disputa por equipes mista.
Além dessas, de 1964 a 1984 existia uma categoria aberta sem limite de peso. Os pesos dos judocas por categoria também sofreram alterações ao longo do tempo. O pesado, por exemplo, começou com atletas + 80kg e em Tóquio-2020 a categoria exigia judocas com + 100 kg.
Ao todo já foram distribuídas 605 medalhas, sendo 150 de ouro, 151 de prata e 304 de bronze. No judô, duas medalhas de bronze são distribuídas em cada categoria, em um sistema de repescagem.
Desenvolvedor do esporte, o Japão tem ampla vantagem em relação aos demais países no quadro de medalhas. Até hoje, a delegação japonesa já conquistou 94 medalhas (46 de ouro, 21 de prata e 27 de bronze). O segundo maior ganhador é a França com 57 medalhas, mas apenas 16 de ouro, 30 a menos que os japoneses.
No masculino o francês Teddy Riner é um dos principais nomes do esporte, tendo ganhado 4 medalhas nas últimas quatro edições olímpicas, dois bronzes (Pequim-2008 e Tóquio-2020) e dois ouros (Londres 2012 e Rio-2016) na categoria pesado. Além dele, vale destacar o japonês Tadahiro Nomura, único tricampeão olímpico do judô na história. Na categoria ligeiro, o judoca conquistou ouro em Atlanta-1996, Sidney-2000, Atenas-2004.
No feminino a maior atleta olímpica é a japonesa Ryoko Tani, que conquistou 5 medalhas olímpicas. Ryoko ficou com o bronze em Barcelona-1992, Atlanta-1996 e Pequim-2008 e com o ouro em Sydney-2000 e Atenas-2004.
Judô na Olimpíada de Paris
Em Paris-2024 o judô contará com as mesmas 14 categorias, mais uma disputa por equipes, no mesmo sistema que aconteceu na última Olimpíada. As categorias e os pesos para cada uma delas será dessa forma:
Masculino
- Ligeiro – até 60 kg
- Meio-leve – até 66 kg
- Leve – até 73 kg
- Meio-médio – até 81 kg
- Médio – até 90 kg
- Meio-pesado – até 100 kg
- Pesado – mais de 100 kg
Feminino
- Ligeiro – até 48 kg
- Meio-leve – até 52 kg
- Leve – até 57 kg
- Meio-médio – até 63 kg
- Médio – até 70 kg
- Meio-pesado – até 78 kg
- Pesado – mais de 78 kg
Mista
- O país tem que ter se classificado em: -57kg (fem), -70kg (fem), +70kg (fem); -73kg (masc), -90kg (masc), +90kg (masc)
Ao todo, serão 372 atletas, 186 homens e 186 mulheres. A classificação para Paris é toda definida pelo ranking mundial. Os pontos estão sendo contabilizados desde de junho de 2022 e serão finalizados em junho de 2024.
Cada uma das categorias permite que os 17 primeiros colocados no ranking se classifiquem diretamente, com o limite de um atleta por país. As vagas restantes são distribuídas para os continentes: 25 vagas para a Europa, 24 para África, 21 para as Américas, 20 para a Ásia e 10 para a Oceania. A França, país sede do torneio, tem garantido pelo menos 1 atleta em cada categoria do torneio.
Para a disputa por equipes, os países que conseguirem tiverem três homens e três mulheres no torneio individual, desde que pelo menos um dos integrantes seja em uma das três categorias mais leves, pelo menos um das categorias médias e um das categorias mais pesada, se classificam.
O torneio é eliminatório e, em média, um judoca precisa vencer entre 4 a 5 lutas para ser campeão. Os atletas que forem derrotados nas quartas de final podem disputar uma repescagem em busca da medalha de bronze.
Tradicionalmente o judô acontece já na primeira semana da Olimpíada e em Paris não será diferente. Todo dia de disputa ocorre um torneio completo de uma categoria diferente, tanto no feminino, quanto no masculino.
O torneio acontecerá na Arena Champ de Mars, de 27 de julho a 3 de agosto. As categorias e as datas da disputa já foram definidas:
- 27 de julho: ligeiro (até 60kg masculino e até 48kg feminino)
- 28 de julho: meio-leve (até 66kg masculino e até 52kg feminino)
- 29 de julho: leve (até 73kg masculino e até 57kg feminino)
- 30 de julho: meio-médio (até 81kg e até 63kg feminino)
- 31 de julho: médio (até 90kg no masculino e até 70kg no feminino)
- 1 de agosto: meio-pesado (até 100kg no masculino e até 78kg no feminino)
- 2 de agosto: pesado (acima de 100kg no masculino e acima de 78kg feminino)
- 3 de agosto: prova por equipes
Judô olímpico brasileiro
Junto do vôlei, o judô é o esporte que mais rendeu medalhas para a delegação brasileira, e o Brasil é um dos países mais tradicionais no circuito olímpico, ocupando a 10ª colocação no quadro geral de medalhas da modalidade.
Ao todo, o país já conquistou 24 medalhas, sendo 4 de ouro, 3 de prata e 17 de bronze. Desde a estreia da modalidade, em Tóquio-1964, o Brasil só não classificou atletas para os Jogos da Cidade do México-1968. Dos torneios que participou, só não conquistou medalhas em três ocasiões: Tóquio-1964, Montreal-1976 e Moscou-1980.
A primeira medalha brasileira foi conquistada em Munique-1972 pelo judoca Chiaki Ishii, japonês naturalizado brasileiro. O primeiro ouro foi conquistado por Aurélio Miguel, em Seul, 1988, que também conquistou o bronze em Atlanta-1996. Além deles, mais 17 judocas conquistaram medalhas. Confira a lista completa dos judocas que conquistaram medalhas em Olimpíada:
- Ouro (4): Aurélio Miguel (Seul-1988), Rogério Sampaio (Barcelona-1992), Sarah Menezes (Londres-2012), Rafaela Silva (Rio-2016);
- Prata (3): Douglas Vieira (Los Angeles-1984), Tiago Camilo (Sydney-2000), Carlos Honorato (Sydney-2000);
- Bronze (17): Chiaki Ishii (Munique- 1972), Luís Onmura (Los Angeles-1984), Walter Carmona (Los Angeles-1984), Henrique Guimarães (Atlanta-1996), Aurélio Miguel (Atlanta-1996), Leandro Guilheiro (Atenas-2004 e Pequim 2008), Flávio Canto (Atenas-2004), Ketleyn Quadros (Pequim-2008), Tiago Camilo (Pequim-2008), Felipe Kitadai (Londres-2012), Mayra Aguiar (Londres 2012, Rio-2016 e Tóquio-2020), Rafael Silva (Londres 2012 e Rio-2016) e Daniel Cargnin (Tóquio-2020)
Dessa maneira, a melhor participação brasileira no judô em Olimpíada foi em Londres-2012, quando o país conquistou 4 medalhas, sendo 3 de bronze e 1 de ouro.
Para Paris-2024, a expectativa brasileira é seguir conquistando medalhas no judô. É esperado que o Brasil consiga classificar todas as cotas possíveis do país ao fim do ranking mundial, que se encerra no dia 25 de junho. Até o momento o Brasil já tem 10 vagas garantidas e confederação já definiu quais serão os atletas representando essas vagas:
- Willian Lima (-66kg)
- Daniel Cargnin (-73kg)
- Guilherme Schimidt (-81kg)
- Rafael Macedo (-90kg)
- Leonardo Gonçalves (-100kg)
- Rafael Silva (+100kg)
- Larissa Pimenta (-52kg)
- Rafaela Silva (-57kg)
- Mayra Aguiar (-78kg)
- Beatriz Souza (+78kg)
Mayra Aguiar, Rafaela Silva, Rafael Silva e Daniel Cargnin, judocas que já conquistaram medalhas em Olimpíadas, são as principais esperanças do Brasil de se manter no pódio olímpico da modalidade.
