ROMA E VENEZA, 25 MAR (ANSA) – Parentes das vítimas de Cesare Battisti desconfiam que sua surpreendente confissão seja apenas um artifício para conseguir uma redução de pena.   

Condenado à prisão perpétua, ele tenta comutar sua sentença para 30 anos de reclusão, pena máxima prevista pela legislação do Brasil, país que havia ordenado sua extradição para a Itália.   

Em interrogatório na penitenciária de Oristano, Battisti admitiu seu envolvimento nos quatro assassinatos pelos quais foi condenado e ainda pediu desculpas às famílias das vítimas.   

“As desculpas agora me parecem fora de lugar. Acredito que seu o advogado está aconselhando-o para obter reduções de pena. Não são desculpas verdadeiras, na minha opinião, a única coisa que ele quer é obter aquela redução que tantos terroristas conseguiram”, disse Maurizio Campagna, irmão do policial Andrea Campagna, a quarta vítima de Battisti, em entrevista à emissora Sky.   

Segundo Maurizio, o pedido de desculpas devia ter sido feito “muito antes”. Já Adriano Sabbadin, filho do açougueiro Lino Sabbadin, também assassinado pelo grupo Proletários Armados pelo Comunismo (PAC), afirmou que a confissão é um “passo à frente”, mas mostrou receio de que o objetivo de Battisti seja garantir uma “indulgência dos juízes”.   

“É justo que ele desconte sua pena por inteiro”, acrescentou. De acordo com o procurador Alberto Nobili, que investiga supostas “coberturas” a Battisti durante seu período foragido, ele afirmou “não querer nada em troca” de sua confissão, posição confirmada pelo advogado de defesa Davide Steccanella.   

“A esperança é de restituir a imagem correta de meu cliente, que não é aquele monstro que tentam pintar, mas uma pessoa que não comete delitos há 40 anos e que quis revisitar sua vida e reconstruir um período”, declarou o advogado. (ANSA)