Familiares de cerca de 40 venezuelanos desaparecidos na rota migratória entre a ilha colombiana de San Andrés e a Nicarágua pediram, nesta sexta-feira (26), que a Venezuela abra uma investigação regional com os países envolvidos no trajeto com destino aos Estados Unidos para encontrar seu paradeiro.

O trajeto de 150 km em lancha de San Andrés até Corn Island, na Nicarágua, surgiu como uma alternativa para evitar a temida travessia a pé pela selva de Darién, um corredor de 266 km entre a Colômbia e o Panamá, controlado por quadrilhas criminosas e com graves riscos por sua topografia acidentada. O restante do caminho é feito por via terrestre.

Os familiares desapareceram em 21 de outubro. Não está claro seu número exato: alguns falam de 37, outros de 40 e 43. As autoridades venezuelanas não se pronunciaram sobre o incidente.

“São seis meses de espera, foram feitas denúncias na Colômbia. Até agora não foi encontrado nada, nem corpos, nem pertences, nada”, disse, aos prantos, Creulbys Guerra, temendo que seus cinco familiares tenham caído em uma rede de tráfico de migrantes.

Guerra pede que a Venezuela intermedeie uma investigação conjunta.

“O presidente Nicolás Maduro é o único que pode nos abrir este caminho para poder chegar à Nicarágua, a Honduras, à Guatemala e ao México”, insistiu Guerra, de 40 anos, nesta manifestação na Praça de Bolívar, no centro de Caracas, da qual participaram umas 30 pessoas.

Os familiares também supõem que os migrantes possam estar na Nicarágua, após terem recebido telefonemas de uma mulher que pediu dinheiro para libertá-los.

A denúncia também foi apresentada ao Ministério Público colombiano, sem que até agora tenham recebido uma resposta.

“Ajudem-nos a encontrá-los!”, dizia um dos cartazes com as fotos de alguns migrantes, entre os quais estão menos menos 13 menores de idade, dois no grupo de Guerra.

Quase oito milhões de venezuelanos migraram, fugindo da avassaladora crise que castiga o país há uma década, segundo estimativas das Nações Unidas. Nos últimos anos, a rota para os Estados Unidos passando pela América Central se tornou a mais atraente.

Os familiares dos desaparecidos em San Andrés são acompanhados por membros do grupo Esperança de Mãe, que também denuncia o desaparecimento de 57 venezuelanos na fronteira entre a Venezuela e a Colômbia desde 2019.

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