Um dos esportes que mais possibilita a chance de reviravolta é o atletismo. Em segundos, literalmente, tudo pode mudar. Mas nem o final de um roteiro hollywoodiano poderia imaginar um desfecho tão impressionante como o da prova dos 1.500 metros. Assim que foi dada a largada, a holandesa Sifan Hassan escolheu a sua estratégia: ficar atrás das adversárias para não correr o risco de queda e, nos metros finais, reestabelecer-se entre as primeiras colocadas para garantir sua vaga na final.

A escolha deu certo até o momento que outra atleta, Edinah Jabitok, do Quênia, perdeu o equilíbrio. Sifan, que vinha logo atrás, não aguentou o choque e também caiu. Com isso, parecia algo improvável que Sifan conseguisse ficar entre as seis primeiras atletas para se garantir na final – naquele momento, ela era a última do pelotão. Mas, antes mesmo de Sifan pensar no tombo, ela voltou como um raio. Saiu em disparada e terminou a corrida – podem acreditar – em primeiro lugar, cruzando a linha de chegada com o tempo de quatro minutos, cinco segundos e dezessete milésimos.

Essa é, sem dúvidas, a grande graça das Olimpíadas. Admirar a determinação humana, tendo a consciência que, de fato, qualquer final é provável e possível. Sifan poderia ter caído e ficado para trás. Ter-se colocado em última sem nem ter tentado. Mas levantou e terminou a prova em primeiro lugar, à frente de todas as competidoras que não passaram por nenhum infortúnio.

Se fosse filme, a mensagem pareceria ingênua ou até boba. Mas quando a cena ganha contornos reais, durante a maior competição esportiva do mundo, o recado está dado: se não tentar, não tem chance. Não poderia existir melhor mensagem para o início de uma semana. Sifan transmitiu um pouco de força para quem antes de tentar escolhe desistir.