Sempre que tragédias como a em curso no Rio Grande do Sul ocorrem, dilemas morais e de ordem prática – de todos os gêneros – surgem às pencas. Recentemente, durante a pandemia do novo coronavírus, não foi diferente. Como jamais será. É da natureza humana, bem como próprio de situações dramáticas.

Um ditado popular diz que: “filho não vem com manual de criação”. Pois é. Certas situações, também. Contudo, nestas horas, descobrimos o melhor e o pior da humanidade, inclusive a capacidade de superação. O Rio Grande do Sul e, no limite, o Brasil sairão dessa. Se maiores, ou menores, só o tempo dirá.

Mas intuo que, infelizmente, menores. É o passado que me move neste sentido. Perdi, já faz tempo, qualquer esperança em Banânia. E os dias atuais, onde a politização sobre os cadáveres chega a ocupar mais espaço que a solidariedade, só reforçam minha descrença. Nosso poço sempre tem um alçapão no fundo.

FUTEBOL

Outro ditado diz: “o futebol é a coisa mais importante dentre todas as coisas menos importantes”. De fato, não deixa de ser verdade. Falando novamente em pandemia, vale lembrar que os campeonatos profissionais pararam por bem menos tempo que diversos outros setores (em todo o mundo).

Há, no momento, uma discussão sobre a paralisação do Brasileirão por conta das enchentes no Sul. Esportivamente falando, ainda que seja impossível esquecer a tragédia humanitária, os clubes da região, especialmente Internacional e Grêmio, encontram-se impossibilitados de treinar e, claro, jogar.

Sim. Também isso é lamentável. Mas o futebol, o País e o mundo, a despeito de toda a dor experimentada pelos gaúchos, não podem parar. Aliás, não há maneira melhor de auxiliar as populações atingidas do que o envio de suprimentos e… dinheiro. Muito dinheiro! E qualquer paralisação de atividade econômica é contraproducente.

ATLÉTICO E CRUZEIRO

Por conta das obras e reformas em estádios da Copa do Mundo de 2014, em Minas e outros estados, os clubes de futebol sofreram bastante. Por aqui, os dois maiores (que me perdoe o América) tiveram de mandar jogos na precária Arena do Jacaré, em Sete Lagoas, e quase caíram à segunda divisão em 2011.

Grosseiramente falando, em bom português (traduzindo um ditado americano), “merdas acontecem”. A calamidade no sul do Brasil e o impacto sobre os clubes gaúchos, com todo respeito e solidariedade que nos merecem, não podem paralisar o campeonato brasileiro de futebol e, com isso, arrasar as demais equipes.

A um que, como já exposto, seria contraproducente economicamente falando. A dois, que o futebol ultrapassa – e muito! – as questões econômicas, e é verdadeiramente (também) uma questão social. Por fim, Inter e Grêmio, ainda que irremediavelmente prejudicados, como foram Galo e Cruzeiro em 2011, irão sobreviver.