Paralisia do ombro por conta da menopausa: especialistas explicam condição de Eliana

À IstoÉ Gente, o ginecologista e especialista em menopausa Igor Padovesi e o ortopedista Dr. Pedro Ribeiro explicam o caso da apresentadora

Divulgação
Foto: Divulgação

Eliana, de 52 anos, revelou que precisou ser submetida a uma cirurgia em 2024 por causa da menopausa. Durante sua participação no podcast PodDelas, a apresentadora explicou que já havia sentido os sintomas mais comuns da menopausa anteriormente.

“Já senti efeitos como calor, irritação, soninho interrompido. O que mais me pegou foi o sono. Mas comecei a sentir outros sintomas que eu não sabia que eram da menopausa”, iniciou.

A comunicadora ainda destacou que, no ano passado, passou a sentir um problema incômodo que deixou seu ombro paralisado. “Eu tive um congelamento no ombro. Há um ano, eu estava fazendo a minha transição profissional, ninguém percebeu, mas quem convivia comigo todos os dias sabia. Eu não conseguia levantar o braço. Meu ombro congelou e meu braço grudou no meu corpo.”

Eliana contou que foi necessário passar por um procedimento cirúrgico no ombro. “Eu tive que operar porque meu ombro estava congelado. Na ocasião, nem o médico entendeu, mas descobri que era um sintoma da menopausa por causa de um estudo. Então, se você, mulher, está vivendo isso e está entrando na menopausa, é importante buscar informação e ajuda.”

Entenda a condição

“Essa paralisia sofrida por Eliana é conhecida como síndrome do ombro congelado, ou Frozen Shoulder, em inglês. O termo técnico para a condição é capsulite adesiva do ombro, que causa rigidez articular e dificuldade de movimentar a região”, explica o ginecologista Dr. Igor Padovesi, especialista em menopausa certificado pela North American Menopause Society (NAMS), à IstoÉ Gente.

De acordo com o especialista, a condição é tipicamente causada pela queda dos hormônios, particularmente o estrogênio, sendo mais comum em mulheres que estão passando pela transição para a menopausa ou na pós-menopausa. “Mas, claro, nem todas as mulheres que estão passando pela menopausa vão enfrentar o problema, pois os sintomas dessa fase podem ser diferentes para cada pessoa”, pontua o médico. “Muitas vezes, é difícil fazer o diagnóstico diferencial da capsulite adesiva com as bursites e tendinites do ombro. Por isso, é fundamental buscar um médico especializado”, aconselha.

Uma vez diagnosticado o problema, o tratamento inicial é feito com o uso de medicamentos anti-inflamatórios, repouso da articulação e fisioterapia. Mas o Dr. Igor Padovesi ressalta que a capsulite adesiva do ombro é uma condição que tipicamente só melhora por completo com a reposição hormonal, sem a necessidade de outros medicamentos ou intervenções. “A terapia hormonal consiste na reposição dos hormônios que passam a faltar no corpo da mulher depois da menopausa. Dessa forma, atua diretamente na principal causa do problema: a falta de estrogênio”, diz o especialista.

O médico ressalta que a terapia hormonal é recomendada para quase todas as mulheres na menopausa, com raras contraindicações. “É cientificamente comprovado que, quando realizada corretamente, a terapia hormonal, além de ser muito segura, melhora uma grande diversidade de sintomas da menopausa. E, quanto antes a terapia hormonal for administrada, maiores serão seus benefícios. Por isso, é importante que as mulheres na menopausa busquem um médico especialista para receberem o tratamento adequado, de acordo com suas características e necessidades”, finaliza o Dr. Igor Padovesi.

O que é o ombro congelado?

O ortopedista Dr. Pedro Ribeiro explica que o ombro congelado, ou capsulite adesiva, é uma condição que provoca dor intensa e rigidez progressiva.

“O ombro congelado também pode ser chamado de capsulite adesiva. Em muitos casos, é uma condição que causa uma dor intensa. O paciente sofre com essa dor intensa e começa a movimentar menos o braço. Essa é uma das situações que fazem com que o ombro fique congelado. Essa perda vai sendo progressiva, então os movimentos vão diminuindo. Isso vai causando rigidez, e o paciente começa a ter dificuldade para realizar movimentos simples, como vestir uma roupa ou, às vezes, até pentear o cabelo”, destaque o profissional.

“Isso ocorre, fisiologicamente falando, porque a cápsula articular — que é o tecido que envolve a articulação — inflama e fica enrijecida. Quando ela se enrijece, gera dificuldade para o paciente fazer movimentos, porque causa dor. Com a limitação desses movimentos, o paciente começa a se mover menos, e a rigidez vai aumentando.”

Causas

Temos algumas questões: diabetes, hipotireoidismo, sedentarismo ou pacientes que passaram por alguma cirurgia e ficaram imobilizados por um período de tempo.

Falando especificamente da menopausa, a mulher tem quedas em alguns hormônios, principalmente o estrogênio. Com essa queda abrupta, podem surgir problemas na lubrificação, já que o estrogênio é um hormônio importante nesse aspecto das articulações. Essa queda pode favorecer processos inflamatórios, o que prejudica a cicatrização ou a elasticidade dos tecidos.

Existem muitos estudos que mostram que a capsulite adesiva é mais comum em mulheres na menopausa.

Tratamento

O tratamento, inicialmente, é conservador, com fisioterapia, analgésicos e anti-inflamatórios. Em casos mais raros, pode ser feito bloqueio anestésico ou até cirurgia artroscópica.

Nos casos mais graves, quando o paciente precisa recuperar a mobilidade e apresenta rigidez e muita dor, a cirurgia artroscópica é uma opção. Trata-se de uma cirurgia minimamente invasiva, realizada em hospital, em centro cirúrgico, com recuperação razoavelmente rápida.

Referências Bibliográficas

Dr. Igor Padovesi: Médico ginecologista, autor do livro Menopausa Sem Medo (Editora Gente), especialista em menopausa certificado pela North American Menopause Society (NAMS) e membro da International Menopause Society (IMS). Formado e pós-graduado pela USP, onde foi preceptor da Disciplina de Ginecologia. É associado à Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo), da qual integrou a Diretoria de Comunicação Digital (2016–2019). Também é membro sênior da European Society of Aesthetic Gynecology (ESAG) e doutorando, com projeto na área de cirurgias íntimas. Em 2024, conquistou um prêmio internacional ao alcançar o 1º lugar no Congresso Mundial de Ginecologia Estética, na Colômbia, com trabalhos científicos sobre ninfoplastias.

Pedro Ribeiro, ortopedista e traumatologista, especialista em Medicina Regenerativa. Membro da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia (SBOT).