O presidente do Paraguai, Santiago Peña, decidiu suspender a importação de armas para enfrentar a insegurança na região fronteiriça, principalmente na faixa compartilhada com o Brasil, anunciou o chefe de Estado nesta sexta-feira (27).

“Aqueles que fazem parte do Conselho Nacional de Defesa sabem que a minha posição tem sido muito dura sobre a importação de armas no Paraguai, e pedi que seja suspensa”, disse Peña, após a assinatura de um acordo de luta contra o crime organizado com o ministro da Defesa brasileiro, Flávio Dino.

O acordo prevê um reforço do combate ao crime organizado, à lavagem de dinheiro e à corrupção. “A decisão se deve ao fato de que a importação de armas constitui um dos grandes flagelos que atingem o Paraguai, principalmente nas áreas fronteiriças, e também o Brasil”, disse o governante.

O Paraguai havia suspendido a importação de armas em 2018, durante o governo de Horacio Cartes (2013-2018), mas a mesma foi restabelecida no governo de seu sucessor Mario Abdo Benitez.

Ex-ministro da Fazenda de Cartes, Peña estimou que grande parte das armas que entram legalmente no Paraguai vão parar nas mãos de grupos criminosos que atuam no Brasil. “Seremos implacáveis com aqueles que não estiverem à altura do desafio”, advertiu.

Flávio Dino, por sua vez, ressaltou que, no passado, a ameaça à soberania das nações vinha de inimigos externos. “Hoje, não há dúvida de que o maior desafio à ordem jurídica democrática é o crime organizado, daí a necessidade de promover ações conjuntas.”

Autoridades falaram em combater as organizações brasileiras do crime organizado Primeiro Comando da Capital (PCC) e Comando Vermelho, que têm presença forte no Paraguai. A assistência prevê ações conjuntas nas prisões, em coordenação com autoridades penitenciárias brasileiras, para combater os líderes desses grupos.

“São verdadeiras multinacionais do crime, que possuem informações, tecnologia, poder de fogo e uma quantidade incontável de dinheiro”, disse o ministro paraguaio do Interior, Enrique Riera, que considerou “uma epidemia” a insegurança na fronteira. “Se eles criaram uma multinacional do crime, uniremos nosso Estado, nossa força, nosso poder de fogo, nossa inteligência e nossas informações para enfrentar com sucesso aqueles que pretendem destruir a nossa democracia”, acrescentou.

Uma combinação de diferenças de preços, corrupção de funcionários e impunidade generalizada fizeram da fronteira do Paraguai com o Brasil e a Argentina um dos corredores de contrabando mais movimentados do mundo, explicou à AFP o criminologista Juan Martens.

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