Uma escola sem armas é um ímã para criminosos – declarou o presidente Donald Trump nesta quinta-feira (22), insistindo em que uma proposta para armar alguns professores teria um efeito dissuasivo para evitar os tiroteios que regularmente atingem as escolas americanas.

“Professores e treinadores muito bem formados e adeptos de armas resolveriam instantaneamente o problema, antes da chegada da polícia. GRANDE PODER DE DISSUASÃO”, escreveu Trump em uma nova série de tuítes.

Segundo ele, os tiroteios duram “três minutos” em média e, ainda de acordo com o presidente, são necessários “de cinco a oito minutos” para que a Polícia chegue ao local.

Na série de mensagens, o presidente também reafirmou que pressionará para aumentar de 18 para 21 anos a idade mínima para a compra de uma arma. Ele também insistirá em um reforço das verificações de antecedentes criminais e verificações de saúde mental de potenciais compradores.

A National Rifle Association (NRA), o mais poderoso lobby de armas dos Estados Unidos, rejeitou imediatamente a proposta de alteração da idade legal, alegando que fará “os cidadãos cumpridores da lei pagarem pelos atos criminosos de malfeitores”.

E, nesta quinta, em discurso na Conservative Political Action Conference (CPAC), o presidente da NRA, Wayne LaPierre, disparou contra os críticos da organização, acusando-os de explorar o triste episódio na escola Marjory Stoneman Douglas, em Parkland, para obter vantagens políticas.

“A vergonhosa politização da tragédia é uma estratégia clássica direto do manual de um movimento envenenado”, denunciou LaPierre, em sua primeira reação pública após o tiroteio em Parkland, que terminou em 17 mortos.

“Para eles, não é uma questão de segurança, é uma questão política”, insistiu, referindo-se aos membros do Partido Democrata que defendem um maior controle de armas e que estariam, segundo ele, tentando minar o direito à posse e ao porte de armas no país.

“Eles odeiam a NRA. Eles odeiam a Segunda Emenda. Eles odeiam a liberdade individual”, completou.

– ‘Formado como um policial?’ –

Trump retomou essas ideias no dia seguinte a uma reunião na Casa Branca com sobreviventes do massacre da semana passada na Flórida.

No Twitter, o presidente disse que os professores armados seriam muito mais eficazes e menos dispendiosos do que contratar seguranças nas escolas.

“Uma escola ‘sem armas’ é um imã para pessoas más. OS ATAQUES ACABARIAM”, apontou.

O republicano enfatizou, no entanto, que “ele nunca disse” querer armar todos os professores.

“Eu nunca disse ‘deem armas aos professores’ como saiu nas Fake News @CNN & @NBC”, tuitou.

“O que eu disse foi ver a possibilidade de entregar armas escondidas a professores que são adeptos de armas com formação militar, ou treinamento especial – apenas os melhores”, seguiu o presidente.

“Cerca de 20% dos professores, muitos, seriam hoje capazes de… responder imediatamente a um tiroteio se um louco selvagem entrasse em uma escola com más intenções”, completou, alegando que, se souberem que uma escola “tem um grande número de professores muito hábeis com as armas (…), os covardes não vão lá… problema resolvido”.

Durante um debate organizado na quarta à noite pela rede CNN perto de Miami, várias vozes se ergueram contra esse cenário.

“Eu terei de ser formada como uma policial além de educar essas crianças?”, questionou Ashley Kurth, professora que trabalha na escola de Parkland.

“Terei de usar um colete à prova de balas?”, completou.

“Não acho que os professores devam ser armados. Acho que devem ensinar”, reagiu o xerife Scott Israel, que interveio no local da tragédia do último dia 14, quando o jovem Nicolás Cruz, de 19 anos, atacou a instituição com um fuzil semiautomático.

O senador republicano pelo estado da Flórida Marco Rubio também se mostrou contrário à ideia.

Com uma grande manifestação marcada para este 24 de março em Washington, os alunos do colégio Stoneman Douglas têm recebido a cada dia o apoio de mais e mais celebridades. A ex-primeira-dama americana Michelle Obama é uma delas.

Michelle disse estar “cheia de admiração pelos estudantes extraordinários da Flórida”, acrescentando que “a luta contra as armas individuais exige uma coragem e uma perseverança inabaláveis”.