O presidente Vladimir Putin disse nesta quarta-feira (12) que a Rússia identificou os homens suspeitos de envenenar o ex-espião russo Serguei Skripal, alegando que se tratam de civis que não fizeram nada criminoso, enquanto Londres denuncia mentiras.

Essas declarações do presidente russo reavivam a séria crise diplomática de seu país com a Grã-Bretanha, que se enfrentam desde a explosão, em março, deste caso de espionagem e que teve muitas reviravoltas.

“Sabemos quem são, os encontramos. Esperamos que se revelem e se apresentem” com seus nomes, assegurou Putin à margem de um fórum econômico no extremo oriente russo.

“São civis, é claro, asseguro que não existe nada criminoso”, continuou, dando a entender que esses dois não têm nada a ver com o envenenamento em março do ex-agente duplo Serguei Skripal e sua filha em Salisbury, sudoeste da Inglaterra.

Londres negou rapidamente as afirmações, acusando a Rússia de “mentir”.

“Esses homens são agentes do serviço de Inteligência militar russo, o GRU”, reafirmou um porta-voz de Downing Street durante um encontro com a imprensa.

“Pedimos várias vezes à Rússia que explique o que ocorreu em Salisbury em março, e só respondeu com mentiras. Nada mudou”, acrescentou.

Segundo Londres, o ataque foi executado por dois agentes do GRU, identificados pela polícia britânica como os cidadãos russos Alexander Petrov e Ruslan Bochirov, nomes que a polícia suspeita que sejam pseudônimos. Os dois são alvo de uma ordem de detenção.

São suspeitos de, em 4 de março, borrifar Novichok, uma potente substância neurotóxica desenvolvida pela União Soviética, na porta da casa de Serguei Skripal, para depois deixar no mesmo dia o país pelo aeroporto londrino de Heathrow.

Durante a sua entrevista coletiva diária, o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, disse que Putin não se encontrou com os suspeitos.

– ’37 versões diferentes’ –

A emissora de televisão pública Rossia 24, por sua vez, transmitiu nesta quarta-feira uma filmagem do que diz se tratar de uma entrevista com o suspeito Alexander Petrov. Este último afirma às câmeras “não ter comentários para fazer por enquanto, mas talvez (tenha) mais tarde, na semana que vem”.

Os meios de comunicação russos também informaram que um homem chamado Alexander Petrov, que trabalha no setor farmacêutico em Tomsk (Sibéria), negou ter qualquer vínculo com este caso.

Desde o início, o Reino Unido acusa Moscou de estar na origem do ataque, que causou uma grave crise diplomática entre o Kremlin e o Ocidente, levando a uma onda histórica de expulsões diplomáticas mútuas, bem como a novas sanções econômicas contra a Rússia.

Enquanto Moscou continua a negar seu envolvimento no caso, denunciando “acusações infundadas”, Londres tem repetidamente acusado as autoridades russas de desinformação.

“Desde março, 37 versões fictícias do que aconteceu foram apresentadas” pela Rússia, lamentou a embaixada britânica em Moscou.

Os Skripal sobreviveram ao envenenamento, assim como um policial que se contaminou ao socorrê-los. Este caso tomou um novo rumo em junho, quando um casal foi envenenado por Novichok em Amesbury, cidade vizinha a Salisbury.Uma delas, uma mulher de 44 anos, morreu por conta disso.

O casal havia manipulado uma garrafa que parecia perfume e que continha o agente neurotóxico.