Consumir não faz mais sentido para uma parcela da população jovem, afirma o professor de Sociologia da Universidade Presbiteriana Mackenzie Rogério Baptistini. Com formação superior, renda alta e acesso global à informação, esse público jovem adulto, especialmente de até 25 anos, das grandes cidades, está “buscando uma vida mais orgânica e mais plena de sentido, que não seja apenas baseada na instantaneidade do momento”, conforme aponta o professor. “É uma tendência global”, pontua Baptistini.

De acordo com o professor, essa mudança ocorre graças às inovações tecnológicas, embora esteja atrelada ao resgate de atividades manuais. “Estamos vivendo, de fato, uma verdadeira revolução de comportamento”, diz ele.

“É um momento de síntese da humanidade. O século 21 para nós é uma espécie de momento de revolução, uma revolução de costumes, de experiências”, diz. “Há uma espécie de esgotamento das instituições, de tudo o que vem do século 19, da Segunda Revolução Industrial. Esta geração está fazendo o primeiro balanço dessa vida nova. Não é uma revolução típica.”

“Por mais que a juventude vire as costas e dê um solene não à dinâmica acelerada do tempo, é a tecnologia, a robotização, a rede social, a aceleração do tempo da internet que propicia viver uma vida sustentável, que nos libera das atividades corriqueiras”, pondera o professor da Mackenzie.

Uso do tempo

Ao estar atrelada a uma camada mais favorecida da população, esse modo de vida ainda tem pouca influência entre as classes C, D e E. “É uma nova estratificação que reflete no comportamento dos jovens. O uso do tempo segregou as populações”, comenta. “Nem todos podem consumir, mas quem pode consumir fica cansado, entediado, nada faz sentido e, por isso, busca experiências mais reais”, comenta.

“Não há como não concordar que a geração do século 20 legou um mundo ruim, com desemprego estrutural, de conflitos internacionais, de problemas ambientais sério. E essa meninada está tentando ressignificar esse mundo.” As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.