O primeiro-ministro do Kosovo, Albin Kurti, acredita que a Europa está enfrentando uma virada dramática com a invasão russa da Ucrânia e pediu a simplificação do procedimento de adesão à União Europeia e à Otan.

“Nesta situação extraordinária, não podemos nos comportar como em tempos normais. Portanto, o processo de adesão à UE e à Otan não pode ser feito como foi feito até agora”, disse Kurti à AFP em entrevista esta semana em Pristina.

“É imperativo que Bruxelas, a capital da UE e da Otan, repense uma nova forma de expansão para os Bálcãs Ocidentais”, insistiu Kurti.

O ex-ativista pró-independência e preso político, agora chefe do governo, lamentou o curso dos acontecimentos na Ucrânia.

“É chocante. É difícil acreditar no que está acontecendo. Mas ninguém pode dizer que está surpreso”, disse ele.

A Rússia é o principal aliado de Belgrado ao se recusar a reconhecer a independência de Kosovo, sua antiga província de maioria albanesa, declarada independente em 2008, bloqueando seu caminho para a adesão à ONU.

A Rússia também tem direito de veto no Conselho de Segurança.

Em troca, o presidente sérvio Aleksandar Vucic se recusou a impor sanções à Rússia após a invasão da Ucrânia.

– Reforçar o flanco sul –

Por esta razão, Albin Kurti apela à UE e à Otan para que reforcem o seu flanco sul nos Bálcãs Ocidentais, lançando as bases para uma adesão mais rápida dos países da região.

Kurti falou no passado a favor de um roteiro de adesão a ambas as instituições, mas enfrenta oposição de alguns países.

Sérvia, Montenegro, Macedônia do Norte e Albânia estão em diferentes fases do processo de adesão à UE. Kosovo, cuja independência não é reconhecida por cinco países da UE, parece longe dessa perspectiva no momento.

“O presidente russo é imprevisível. Ele é um senhor da guerra, não um líder da paz”, disse Kurti, garantindo que Vladimir Putin “usará os atores que ele controla também nos Bálcãs Ocidentais”.

“Os Bálcãs Ocidentais e Kosovo em particular estão sob ameaça. Antes, o presidente russo nos mencionava uma vez por mês, agora ele faz isso várias vezes por semana”, disse Kurti.

Logo após o início da invasão russa da Ucrânia, o ministro da Defesa do Kosovo apelou à aceleração do processo de adesão da república à Otan e ao estabelecimento de uma base militar permanente dos EUA no território para “garantir a paz, a segurança e a estabilidade nos Bálcãs Ocidentais e na região”.