O anúncio de que Irã e Israel celebraram um acordo de cessar-fogo na segunda-feira, 23, feito pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, contrariou as perspectivas de uma escalada do conflito após mísseis iranianos atingirem, horas antes, a principal base militar americana no Oriente Médio.
Cessar-fogo sucedeu mísseis
O bombardeio realizado pelo país persa em Al Udeid, no Catar, sinalizou a pretensão de que os EUA “repensassem seu envolvimento” na guerra, segundo Leandro Clemente, pesquisador do Gedes (Grupo de Estudos de Defesa e Segurança Internacional) da Unesp (Universidade Estadual Paulista) e professor do IFSP (Instituto Federal de São Paulo).
Dois dias antes, a Casa Branca interviu no conflito ao bombardear instalações nucleares iranianas, no que foi interpretado como sinal mais claro de ampliação. O desfecho da “guerra dos 12 dias“, alcunha dada pelo republicano, no entanto, contrariou projeções baseadas no histórico militar americano.
“A Casa Branca não têm histórico de contemporizar ações bélicas dos adversários que atingem seus ativos militares ou civis. Tome-se como exemplo a explosão do navio USS Maine, em 1898, em Cuba, que foi atribuída à Espanha e provocou o início da guerra Hispano-Americana, ou a guerra ao terror em resposta aos ataques do 11 de setembro, que gerou as invasões ao Afeganistão, em 2001, e ao Iraque, em 2003″, disse o pesquisador à IstoÉ.
Para Barbara Motta, professora de relações internacionais da UFS (Universidade Federal do Sergipe) e coordenadora do Opeb (Observatório de Política Externa e da Inserção Internacional do Brasil), o ataque iraniano feriu o “centro nevrálgico de atuação dos EUA no Oriente Médio” e teve o objetivo claro de “desestabilizar a capacidade aérea e a comunicação” do país na região, prenunciando novas respostas.
“Estabeleceu-se uma lógica de ofensivas e contraofensivas em curto prazo. [O que indicava] a possibilidade de envio de tropas americanas ao Irã após alguns dias“, afirmou à IstoÉ.
Nesta terça-feira, 24, Israel e Irã trocaram acusações de violação do acordo antes do prazo de conclusão anunciado por Trump. O republicano se prontificou a reiterar a validade do cessar-fogo: “Todos os aviões [israelenses] darão meia volta e retornarão para casa, enquanto fazem um amistoso ‘aceno aéreo’ para o Irã. Ninguém será ferido, o cessar-fogo está em vigor!”.