29/10/2020 - 8:42
Vejam essa lista de manchetes: “Bolsonaro volta atrás e desiste de nomear Decotelli para a Educação. Bolsonaro volta atrás e desiste de nomear Mantovani para a Funarte. Bolsonaro volta atrás e desiste de nomear Ramagem para a PF. Bolsonaro volta atrás e desiste de suspender o Renda Brasil. Bolsonaro volta atrás e vai manter o auxílio de R$ 600”.
Por quê? Ora, porque o Olavo de Carvalho não gostou. Porque as redes sociais não aprovaram. Porque o Queiroz não concordou. Porque a Dona Micheque, perdão, Michelle não foi consultada. Porque o Carluxo ficou dodói. Porque Donald Trump não autorizou. Porque a torcida do Palmeiras é chata… Sei lá eu o porquê!!
A verdade é que Jair Bolsonaro é fraco! Posa de cabra-macho nas redes sociais e quando está cercado pelos malucos que o apoiam, mas bastam meia dúzia de tuítes e hashtags contra, que lá vai o “mito” se esconder no quarto. Não à toa fugiu de todos os debates depois de receber alta médica, após o atentado à faca que sofreu em Minas Gerais, em 2018.
Outro dia mesmo, amarelou feio perante o Brasil e o mundo ao suspender o acordo para a importação, produção e distribuição da “vacina chinesa do Doria” pelo prestigiado Instituto Butantan. Seu subalterno, o general com “g” minúsculo, Eduardo Pazuello, foi humilhado em praça pública e desautorizado pelo mofino. A súcia não gostou e o ignavo recuou.
Ontem, quarta-feira (28), surpreendentemente uma boa medida deste (des)governo: o decreto que previa PPP (Parcerias Público Privadas) para a construção, reforma e operação de UBS (Unidades Básicas de Saúde) da rede SUS (Sistema Único de Saúde). É tão raro algo assim, que até pensei em escrever elogiando, para variar um pouco.
Sorte minha! Tão logo imprensa, oposição e redes sociais começaram a “cair de pau” – por interpretarem mal o decreto, que de privatização não continha nada -, o mito de araque (afinal, nunca vi mito ter medo) revogou o próprio decreto e desistiu de uma ótima proposta. Mais uma vez Jair Bolsonaro se rendeu às “vozes das ruas” e enfiou a viola no saco.
No campo externo o presidente submete-se a ser mero fantoche dos Estados Unidos. Internamente, é comandado ou pelo Centrão ou por sua turba de fanáticos. Na economia, confessa que é obediente ao Posto Ipiranga, que de Posto Ipiranga não tem mais nada. Ofereceu cloroquina às emas do Alvorada e foi solenemente, por elas, ignorado.
Afinal, Bolsonaro governa o País ou é governado? Manda ou obedece? Possui vontade própria ou não? Repito: para o que serve, no limite, um presidente arregão?