Por Xie Yu e Samuel Shen

HONG KONG/XANGAI (Reuters) – Os bloqueios sanitários prolongados em Xangai contra a Covid-19 tornaram-se um risco predominante para investimentos, forçando gestores de recursos a cortar participações ou ficar na defensiva em ações.

Gestores de fundos globais, como Pictet e Principal, e gestores focados na China, como MegaTrust e Water Wisdom, apontam para o número preocupante de semanas com medidas rígidas em muitas grandes cidades que afetaram pessoas e empresas.

Os mercados de ações da China têm o segundo pior desempenho global este ano após a Rússia, atingida pelas sanções, com o principal índice de ações caindo 17% até agora em 2022. A economia desacelerou acentuadamente em março, com o consumo, imóveis e exportações sendo atingidos.

Embora alguns fabricantes tenham começado nesta semana a se preparar para reabrir fábricas em Xangai, elas podem ter desafios para operar numa cidade que segue praticamente isolada.

Alan Wang, que administra 6 bilhões de dólares em ações na Principal Global, disse que a luta contra a pandemia está afetando os lucros corporativos. O fundo reduziu participação em empresas de internet que dependem da demanda do varejo, e aumentou em setores mais defensivos, como serviços públicos, novas energias, infraestrutura, materiais e empresas estatais.

Dong Chen, chefe de pesquisa macroeconômica da Ásia da Pictet, disse que os investidores até aqui temiam principalmente com as repressões regulatórias da China desde 2020. Agora, estão preocupados com o impacto na confiança do consumidor e das empresas e na economia.

O conflito na Ucrânia também prejudicou as ações da China, estimulando 6,3 bilhões de dólares em saídas em março por temores de que Pequim possa enfrentar sanções ocidentais devido aos laços com Moscou.

Analistas do Nomura disseram na semana passada que 45 cidades na China – que representam 40% do produto interno bruto do país – estavam sob bloqueios totais ou parciais, com a economia em risco crescente de recessão.

Para amortecer a queda, a China anunciou na sexta-feira um corte nas reservas exigidas dos bancos e prometeu apoiar os setores mais atingidos, aumentar os gastos fiscais e impulsionar o investimento em infraestrutura.

O diretor global de gestão de ativos da Fidelity, Andrew McCaffery, disse que o esforço para conter a pandemia continuam sendo os maiores pontos de interrogação na China, “com surtos e os efeitos de bloqueios em larga escala, como em Shenzhen e Xangai devendo arrastar a produção e tornando a meta da China de ter um crescimento de cerca de 5,5% este ano um desafio”.

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