O setor de serviços foi o mais prejudicado pela pandemia de covid-19 no País, mas engatou em seguida uma “recuperação clara”, capitaneada, inicialmente, pelo segmento de tecnologia da informação e, em seguida, pelo transporte rodoviário de cargas, avaliou Rodrigo Lobo, gerente da Pesquisa Mensal de Serviços do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Segundo o pesquisador, o dinamismo conquistado pelos serviços no pós-pandemia persiste até hoje.

Nos primeiros sete meses de 2023, na série com ajuste sazonal, o setor de serviços registrou expansão em cinco deles, recuando em apenas duas oportunidades: janeiro, -3,4%; fevereiro, 0,8%; março, 1,2%; abril, -1,6%; maio, 1,5%; junho, 0,2%; e julho, 0,5%.

“No pós-pandemia, os serviços vêm mostrando muito mais taxas positivas do que negativas. A gente percebe um predomínio de taxas positivas no setor de serviços nesse pós-pandemia todo”, reforçou Lobo.

O setor de serviços alcançou em julho o segundo ponto mais alto da série histórica, perdendo apenas para o recorde visto em dezembro de 2022, frisou Rodrigo Lobo. Em julho de 2023, o volume de serviços prestados no País estava apenas 0,9% abaixo do ápice de dezembro do ano passado.

“Reforça a percepção de que o setor de serviços estar operando abaixo do ponto mais alto da série não significa menor dinamismo”, disse Lobo. “Os motores do setor de serviços ainda estavam presentes (mesmo nos meses de quedas na média global).”

Impulsionado primeiramente pelo segmento de tecnologia da informação, o setor de informação e comunicação se mantém operando não muito distante (apenas 0,5% aquém) do pico alcançado em outubro de 2022, enquanto o transporte de cargas segue renovando recordes por conta do bom momento do comércio eletrônico, mas, principalmente, da safra agrícola.

O transporte de cargas cresceu 1,4% em julho ante junho, terceiro resultado positivo seguido, período em que acumulou ganho de 5,8%. O segmento renovou em julho o ponto mais alto de sua série histórica, operando 44,1% acima do nível de fevereiro de 2020, no pré-pandemia.

Beneficiados em julho pelas férias escolares, os serviços prestados às famílias cresceram 1,0% ante junho, completando quatro meses seguidos de avanços, período em que acumularam uma expansão de 4,9%. Embora o setor permaneça 1,7% abaixo do patamar pré-pandemia, a defasagem ante o nível pré-covid foi a menor registrada desde o início da recuperação da crise sanitária.

Para Rodrigo Lobo, a heterogeneidade dos serviços prestados no País faz com que a política monetária restritiva não tenha um impacto claro e direto no setor, afetando mais diretamente o desempenho do comércio e da indústria. Para ele, o impacto de taxa de juros elevada em alguns segmentos dos serviços ocorre mais no longo prazo.