A produção industrial mostrou queda importante em janeiro, mas o recuo do mês pode ser relativizado, tanto por ter sido concentrado em poucas atividades investigadas quanto por ter sucedido um período de ganhos. A avaliação é de André Macedo, gerente da Pesquisa Industrial Mensal no Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Para os próximos meses, o pesquisador crê que a queda na taxa básica de juros, a melhora do mercado de trabalho e o nível de preços mais controlado, especialmente dos alimentos, podem ter um impacto positivo no desempenho do setor industrial.

“Podem trazer reflexos positivos não só para o setor industrial, mas para a economia como um todo, precisamos aguardar para saber”, estimou Macedo.

Na passagem de dezembro de 2023 para janeiro de 2024, a produção encolheu 1,6%, após um período de cinco meses sem resultados negativos. Em janeiro, apenas seis dos 25 ramos industriais pesquisados tiveram retração.

“Apesar de recuo mais intenso em janeiro, há predomínio de resultados positivos entre atividades industriais”, lembrou Macedo. “Na passagem de dezembro para janeiro, de fato, a indústria tem uma queda importante, mas o recuo desse mês pode, de certa forma, ser relativizado. Há uma disseminação de resultados positivos entre as atividades, e esse recuo de 1,6% não pode estar dissociado dos avanços nos meses anteriores”, completou.

O pesquisador frisa ainda que houve uma predominância de resultados positivos nos últimos meses de 2023, criando uma base de comparação mais elevada especialmente para os setores que recuaram em janeiro. Segundo Macedo, o “saldo ainda é positivo” para a indústria, embora a magnitude da queda acenda um alerta “pela sua sinalização”.

“A gente tem ainda a média móvel trimestral do setor industrial com trajetória positiva”, lembrou o gerente do IBGE.

Em janeiro, a média móvel trimestral da indústria teve ligeira alta de 0,2%.

Após a melhora do mês anterior, o setor industrial voltou a operar abaixo do patamar pré-pandemia. Em janeiro, a produção estava 0,8% abaixo do patamar de fevereiro de 2020, além de 17,5% aquém do nível recorde alcançado em maio de 2011. “O setor industrial prossegue operando naquele patamar de janeiro e fevereiro de 2009”, acrescentou.