Embora o mercado de trabalho dê os primeiros sinais de melhora, ainda há o grande desafio de solucionar o patamar recorde de subocupados e de informais, segundo Cimar Azeredo, coordenador de Trabalho e Rendimento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

“Falar em desemprego, dizer que está limitado a 12 milhões, é minimizar o problema. Apesar dos avanços no mercado de trabalho, o problema é que há 28,405 milhões de subutilizados. O problema é muito maior do que isso. A gente tem um mercado de trabalho ainda com bastante subutilização”, avaliou Azeredo.

O Brasil tem hoje uma população recorde de pessoas atuando por conta própria (24,141 milhões) e trabalhando sem carteira assinada no setor privado (11,500 milhões).

O número de trabalhadores com jornada aquém do desejado também atingiu o patamar máximo: 7,355 milhões.

Outros 4,877 milhões de brasileiros estão desalentados, ou seja, deixam de procurar emprego acreditando que não conseguiriam uma oportunidade, por exemplo. Os dados são da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua).

Uma das consequências do emprego sem qualidade é a redução da média salarial. O rendimento médio dos trabalhadores ocupados recuou 1,3% no segundo trimestre em relação ao primeiro trimestre do ano. De acordo com Azeredo, a renda média cai porque quem está entrando no mercado de trabalho consegue uma vaga com renda mais baixa.

Outra consequência é a diminuição na proporção de trabalhadores ocupados contribuindo para a Previdência Social: recuou de 63,6% em março para 62,8% em junho.

“O porcentual de pessoas ocupadas contribuindo para a Previdência cai porque o que está crescendo é o mercado informal”, justificou o coordenador do IBGE. “A gente está longe de uma virada, porque a gente está com muita informalidade e muita subutilização da força de trabalho”, concluiu.