Rio, 10 – A expectativa de mais uma safra recorde de grãos em 2020 não garante preços baixos nos alimentos, afirmou Carlos Alfredo Guedes, analista da Coordenação de Agropecuária do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Segundo o pesquisador, os preços da soja e do milho, dois principais produtos brasileiros, dependerão de fatores externos, como a disputa entre Estados Unidos e China, e da demanda asiática por grãos.

“O grande impacto é cada vez mais soja e milho. No caso da soja, depende muito do mercado internacional. Provavelmente, os preços da soja vão ficar aquecidos este ano, devido a essa queda grande (da safra) nos Estados Unidos. O mercado está esperando essa questão da disputa dos Estados Unidos e China, teve taxação de alguns produtos, e um deles foi a soja”, lembrou Guedes.

Quanto ao milho, o pesquisador contou que a exportação brasileira do grão mais que dobrou em 2019, passando de 19,3 milhões de toneladas de milho exportador de janeiro a novembro de 2018 para 39,1 milhões de toneladas de janeiro a novembro de 2019, um aumento de 102,6%.

“Geralmente, quando a gente aumenta a cultura, o preço cai. Mas como a gente exportou muito, o preço se manteve atraente. Muitos produtores que tiveram prejuízo com a soja conseguiram recuperar com o milho segunda safra. Grande parte dessa explicação é a peste suína que dizimou o rebanho da China. Os países próximos à China aumentaram muito as importações de milho para produzir suíno e frango para o mercado chinês. E dólar (mais valorizado em relação ao real) também deixou mais barato comprar milho aqui dentro do que em outro país”, disse Guedes.

O pesquisador lembrou que os preços da soja e do milho influenciam diretamente os custos da produção de frango, suínos e carne bovina.

“Enquanto a produção chinesa de suínos não se estabilizar novamente, não se recuperar, a gente deve estar exportando milho. Em torno de 70% do custo da ração do frango e suínos refere-se ao milho. A soja vai para a ração, mas em porcentual menor”, lembrou.

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