Os aumentos de preços que resultaram nas principais pressões sobre a inflação do País tanto em setembro quanto em outubro foram impulsionados pela estiagem. A avaliação é de André Almeida, gerente do Sistema Nacional de Índices de Preços do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) saiu de uma alta de 0,44% em setembro para uma elevação de 0,56% em outubro.

“De maneira geral, podemos dizer que a estiagem, as temperaturas mais altas, as secas tiveram influência no IPCA de setembro e outubro sim”, afirmou Almeida.

O ranking de pressões sobre o IPCA de outubro foi liderado pelos aumentos de 4,74% na energia elétrica, um impacto de 0,20 ponto porcentual, e de 1,06% em alimentação e bebidas, uma contribuição de 0,23 ponto porcentual.

“Os principais itens que impactaram o mês de outubro foram a energia elétrica e os alimentos, em especial as carnes”, disse Almeida.

As carnes tiveram uma alta média de 5,81% outubro, após já terem aumentado 2,97% em setembro. O resultado foi uma elevação acumulada de 8,95% nos preços nos últimos dois meses.

Em outubro, as carnes contribuíram com 0,14 ponto porcentual para o IPCA do mês, somados todos os tipos de cortes. Houve reajustes no acém (9,09%), costela (7,40%), contrafilé (6,07%) e alcatra (5,79%). Segundo Almeida, esse período do ano já é considerado de entressafra, mas a situação foi agravada pela estiagem.

“Essa alta (de preços) está relacionada a questões climáticas. A gente teve um período de seca bem mais intenso, o que reduz a oferta de animais, prejudica a produção. Além disso, a menor oferta é influenciada por menor disponibilidade de número de animais para abates e também por exportações que estão maiores que no ano passado. Então a oferta de carnes no mercado interno está menor”, enumerou Almeida.

Quanto ao impacto das queimadas, o pesquisador reforça que os incêndios são consequência de períodos de secas. Sobre a valorização do dólar ante o real, ele menciona uma possível influência no aumento das exportações.

“O câmbio pode ser um dos fatores que contribui para a decisão dos produtores em disponibilizar esse produto no mercado externo”, disse Almeida. “O câmbio pode influenciar tanto a parte de alimentos quanto produtos com componentes importados”, completou.

A pressão exercida pela energia elétrica no IPCA também foi influenciada pela estiagem. A conta de luz registrou uma alta de 4,74% em outubro, devido ao acionamento da bandeira tarifária vermelha patamar 2, que acrescenta R$ 7,877 a cada 100 kWh consumidos.

“Em novembro, teremos acionamento da bandeira amarela. Claro que temos outros componentes que fazem parte da energia elétrica, mas, quando a gente olha o componente da bandeira tarifária, é um fator de alívio”, lembrou Almeida, sobre uma possível descompressão da conta de luz em novembro.