A reação do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), de que “vê com bons olhos” a antecipação das eleições gerais foi comemorada por integrantes da cúpula do PT no Congresso e do governo. Nos bastidores, a avaliação é de que as chances de a proposta avançar no Congresso são “mínimas”, uma vez que atingiria não apenas a presidente Dilma Rousseff, mas todos os 594 parlamentares.

Diante desse fato, as declarações de Renan foram consideradas como mais um recado ao vice-presidente da República, Michel Temer, de que não contará com o apoio do senador, caso a presidente Dilma seja afastada do mandato, após a conclusão do processo de impedimento.

Antes de se posicionar a favor de uma nova eleição, Renan foi um dos principais críticos à decisão do PMDB em romper com o governo. A iniciativa foi orquestrada por Temer, segundo na linha sucessória da Presidência da República.

Na análise de petistas e governistas ouvidos pelo jornal O Estado de S. Paulo, ao entrar na discussão sobre a antecipação das eleições, Renan deixou claro que, da parte dele, a melhor opção passa pela realização de uma nova disputa presidencial e não pela chegada ao poder de Temer.

Artificial

O debate sobre a elaboração de um projeto para que as eleições presidenciais sejam antecipadas de 2018 para outubro deste ano foi puxado pelo senador Valdir Raupp (PMDB-RO), que defendeu a tese em plenário na segunda-feira, dia 4.

Integrantes da cúpula do PMDB viram a iniciativa como “artificial”, uma vez que ela foi discutida internamente dentro da legenda.

De acordo integrantes do partido, Raupp tomou a frente da discussões porque ainda guarda mágoas de Michel Temer, em razão de ter sido excluído da Executiva Nacional do PMDB, na convenção nacional do partido, realizada no último dia 12 de março.

Até a realização do encontro, o senador ocupava a primeira vice-presidência do PMDB e em diversas ocasiões chegou a assumir o comando do partido em razão de afastamento de Temer.