O Fundo Monetário Internacional (FMI) afirma que há sinais de que a liquidez menor no sistema financeiro começa a pesar no funcionamento dos mercados, “em particular em certos mercados de financiamento de curto prazo”, com as taxas de financiamento de recompra nos EUA tendo registrado saltos episódicos nos últimos meses. A avaliação está em box do relatório de atualização sobre a Perspectiva Econômica Mundial, publicado nesta terça-feira, 30.

A exposição do sistema bancário ao setor imobiliário comercial é ainda uma preocupação, diz o Fundo, “já que a demanda modesta em algumas economias e os custos mais altos de empréstimo elevam riscos de default” entre bancos que emprestam para esse segmento.

O diagnóstico do FMI é que, desde seu relatório sobre estabilidade financeira de outubro, as pressões inflacionárias têm continuado a diminuir, o que impulsiona expectativas de que a política monetária nas economias avançadas irá ficar mais relaxada nos próximos trimestres. As condições financeiras globais têm relaxado, no geral, desde outubro, em quadro de maiores valuations das ações, menor volatilidade e spreads de bônus corporativos já comprimidos, diz o FMI.

Os retornos dos bônus globais “têm caído de modo significativo desde outubro, sobretudo nos vencimentos mais longos. Os juros reais têm motivado declínios pela curva, refletindo a avaliação sobre o ambiente futuro nas taxas de juros. Desde o início de 2024, porém, os juros têm subido, com investidores ajustando expectativas sobre a magnitude e o ritmo do relaxamento monetário pelos grandes bancos centrais.

Na avaliação do FMI, o otimismo dos investidores sobre o quadro macro contrasta com a deterioração da qualidade de crédito entre os bancos. “O crescimento no crédito dos bancos tem caído, conforme as taxas de juros mais elevadas durante 2023 têm pesado na demanda por empréstimos, enquanto os bancos continuam a exibir menor tolerância a risco”, afirma. Os defaults, por sua vez, têm crescido em alguns segmentos, alerta o Fundo.

O FMI avalia que a redução nos balanços dos bancos centrais “até agora tem sido ordenada”.

Em quadro de volatilidade “significativa” nas taxas de juros, a correção entre os ativos nos mercados emergentes e os juros dos Treasuries têm aumentado, diz também o Fundo. Juros mais altos em economias avançadas têm provocado a saída de capital de ativos de emergentes, embora isso tenha se revertido desde novembro para ativos em moeda local, afirma. “As condições financeiras neste ambiente de juros mais altos, contudo, podem continuar a desafiar economias em algumas regiões, em especial naquelas de mercados emergentes mais fracos e países com diferenciais diminuindo rapidamente entre as taxas de juros dos EUA”, avalia o Fundo.