A taxa do núcleo do Índice de Preços ao Consumidor Semanal (IPC-S) apresentou alta de 0,31% em março, acumulando 2,82% em 12 meses até este período, conforme a Fundação Getulio Vargas (FGV). O resultado ficou inferior à alta de 1,00% do IPC-S que, por sua vez, acumulou 6,11% em 12 meses até março, fechando o primeiro trimestre com inflação de 1,82%.

“A variação do núcleo do índice em 12 meses ficou parada em 2,82% igual à vista em 12 meses até fevereiro. Reforça a análise da trajetória do IPC-S, que ainda está muito pressionado, mas tem essa perspectiva de desacelerar na virada do semestre”, afirma o coordenador do IPC, Paulo Picchetti.

Para o cálculo do núcleo, que indica o quanto a alta de preços está espalhada, foram excluídos 42 dos 85 itens componentes do IPC-S. Destes 42, 24 apresentaram taxas abaixo de 0,07%, linha de corte inferior, e 18 registraram variações acima de 0,76%, linha de corte superior.

Em relação a fevereiro, as linhas de corte inferior e superior apresentaram acréscimo de 0,07 ponto e 0,17 ponto, respectivamente.

Já o índice de difusão, que mede a proporção de itens com taxa de variação positiva, foi de 65,16%, 3,87 pontos porcentuais acima do registrado em fevereiro, quando o índice foi de 61,29%.

A despeito disso, Picchetti estima alta de 0,45% para o IPC-S de abril, que, segundo ele, será influenciado basicamente por novos recuos nos preços de passagem aérea e de alimentos, além de desaceleração das altas em combustíveis.

No caso de passagem aérea, cuja variação negativa foi de 2,73% no IPC-S de março, o economista e professor do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre) da FGV adianta que nas pesquisas de pontas (mais recentes), o item apresenta queda de mais de 6%. “A pandemia de covid-19 tem provocado essa volatilidade nos preços do setor, que tem tentado recuperação, mas ainda se depara com os desafios, com os limites impostos pela doença”, diz.

Além disso, Picchetti cita que a alta de tarifa de eletricidade residencial (de 0,46% para 1,02%) no IPC-S de março não deve avançar tanto nas próximas leituras, apesar de ainda estar captando efeitos de mudança de bandeira tarifária e mais recentemente, de reajustes do setor e de questões tributárias. No ponta, antecipa, o item mostra taxa positiva de 1,00%. A pressão fez o grupo Habitação sair de 0,61% na terceira quadrissemana para 0,75% no fechamento de março.