A declaração de que a pandemia saiu do nível de platô, ou seja, estabilização, e entrou em um ponto de inflexão é considerada precoce por especialistas ouvidos pelo Estadão. Para eles, uma avaliação mais precisa só seria possível dentro de mais três semanas, pelo menos.

Para o médico infectologista Plinio Trabasso, professor associado do Departamento de Clínica Médica da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), a chegada a um ponto de inflexão é mais palpável para a cidade de São Paulo. “O Município começou antes de qualquer outro lugar a ter aumento grande de casos, foi o primeiro lugar a atingir platô mesmo, e faz umas três semanas mais ou menos que está estabilizado”, disse.

Ele cita como exemplo a desmobilização dos hospitais de campanha, que tiveram equipamentos e equipes transferidas para outros locais pela baixa ocupação. O especialista observa, porém, que é preocupante analisar a cidade isoladamente sem considerar os municípios do entorno, que ainda estão na fase laranja do Plano São Paulo, com alerta de controle, atenção e eventuais liberações.

“Para o resto do Estado, acho difícil fazer essa afirmação (de saída do platô). Precisamos observar se não teremos transmissão com as pessoas saindo às ruas. Com relação ao município de São Paulo, ainda dá para ser otimista, os dados são bastante animadores, mas para o resto do Estado ainda é precoce”, resume Trabasso.

O professor do Departamento de Epidemiologia da Faculdade de Saúde Pública da USP, Eliseu Waldman, concorda que a capital paulista tem dados sugestivos de declínio nos últimos dias, mas ele destaca a mudança para classificar mortes e casos do novo coronavírus. Agora, os registros poderão ser confirmados por critério clínico e com base em exames de imagem, sem necessariamente fazer o teste que identifica o vírus no organismo.

Essa mudança, segundo ele, vai gerar um atraso para que os sistemas sejam atualizados, apesar de, até então, a cidade apresentar queda de mortalidade e casos. Outro fator é que mortes que antes foram classificadas como por síndrome respiratória aguda grave agora podem ser transferidas para covid-19. “O Município tem indicativos de declínio, mas é precoce dar afirmativas. Há regiões do Estado em situação complexa, como Rio Preto. O interior está complicado ainda.”

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As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.


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