O cenário base do Fundo Monetário Internacional (FMI) continua sendo de aterrissagem suave para a economia global. Quanto às pressões nos preços, a melhora continua, embora a inflação permaneça acima da meta na maioria dos países observados, disse nesta sexta-feira, 24, o diretor executivo para o Brasil do FMI, Afonso Bevilaqua.

“Os núcleos de inflação também têm refluído, refletindo em parte um alívio das pressões advindas dos mercados de trabalho que, no entanto, continuam mais apertados do que seriam consistentes com as metas de inflação. Por fim, as expectativas de inflação de curto prazo também têm se reduzido”, lembrou Bevilaqua, durante o X Seminário Anual de Política Monetária, do Centro de Estudos Monetários (CEM) do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV), no Rio de Janeiro.

Entretanto, o diretor do FMI pondera que houve uma pausa na queda tanto da inflação quanto de expectativas de inflação em alguns países, como os Estados Unidos. Diante desse cenário, o executivo frisou que a recomendação do fundo é de que os países assegurem que o processo de redução da inflação esteja plenamente estabelecido antes de afrouxar a política monetária.

“Naturalmente, esse processo desinflacionário não tem sido uniforme nem no tempo e nem entre países”, afirmou o executivo. “Nesse cenário, a recomendação de política monetária do fundo é que os bancos centrais devem se assegurar que o processo de convergência da inflação às metas esteja firmemente estabelecido antes que o processo de redução dos juros comece. Naqueles países onde a desinflação está mais adiantada, e os bancos centrais já iniciaram o afrouxamento da política monetária, a recomendação do fundo é de proceder com cautela, guiando as decisões pela evolução dos preços e salários e, naturalmente, nas expectativas de inflação”, concluiu.