O diretor de Política Econômica do Banco Central, Diogo Guillen, disse nesta quarta-feira, 22, que a incerteza sobre a economia externa se refere principalmente ao ritmo de desaceleração da atividade e desinflação, especialmente nos Estados Unidos.

Em evento na PUC-Rio, Guillen lembrou que a mais recente ata do Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC, que decide sobre a política monetária nos EUA), foi lida como “velha” por ter sido divulgada após o relatório de empregos, o payroll, que, segundo ele, ficou “próximo do neutro”.

“No debate que a gente tem do cenário externo, acho que tem essa discussão de qual é o ritmo da desaceleração e qual é o ritmo da desinflação”, disse Guillen.

Incerteza mais pelo impacto do que pelo ciclo

O diretor de Política Econômica do Banco Central afirmou que a incerteza sobre a política monetária norte-americana deixou, recentemente, de se referir ao início do ciclo de cortes e passou a orbitar os impactos do corte de juros sobre a economia.

“Quais são os impactos sobre a inflação, quais são os impactos sobre a atividade, você tem uma flexibilização na política monetária, e claro, a extensão desse ciclo”, explicou Guillen.

Ele lembrou que, na ata da sua última reunião, o Comitê de Política Monetária (Copom) continuou classificando o cenário externo como “adverso” e chamou atenção para as condições financeiras globais, que têm se mantido apertadas, segundo o diretor.

Guillen acrescentou que a política monetária global está dessincronizada, o que tem contribuído para a volatilidade dos mercados.

O diretor afirmou ainda que o câmbio tem se mantido volátil e lembrou da depreciação o real entre as duas últimas reuniões do comitê, mas disse que não existe relação mecânica entre a condução da política monetária no Brasil e a cotação do dólar ou as decisões do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano).