Há muitos motivos para se condenar a possível aliança entre o ex-presidente Lula e o ex-governador Geraldo Alckmin. A discordância é histórica e embalou a disputa nem tão genuína entre PT e PSDB nas últimas três décadas. No entanto, o argumento para que os dois estejam na mesma chapa é irrefutável. Qualquer que seja a coalizão para derrotar Bolsonaro estará perdoada das possíveis heresias que seja obrigada a cometer.
O presidente fez campanha contra a prevenção da Covid e é responsável por milhares de mortes, além de ter jogado o Brasil na vala da miséria de sua população.

A aliança contra o mandatário deveria ser ainda maior e reunir outros pecadores. Santos na política são mais raros do que gnomos ou coelhinhos da páscoa. Quem arregimenta os melhores argumentos para Alckmin ser o vice de Lula é o próprio Bolsonaro.

Se é verdade que o ex-governador não tem capital político suficiente fora de São Paulo, também é verdade que o interior paulista é um dos mais importantes focos de oposição ao petismo. O antídoto ao conservadorismo é o próprio conservadorismo que Alckmin representa. Diga-se de passagem, o médico é o velho conservador que respeita as mulheres e tem a elegância clássica que constrange os extremistas da direita mais reacionária.

Fora os descontentes por estarem agora ou em algum outro momento mais próximos de Bolsonaro e os extremistas da esquerda, os mais moderados não enxergam grandes problemas na chapa. Aliás, Lula e o PT são pragmáticos, assim como, o PSDB de Fernando Henrique Cardoso, Covas, Alckmin e tantos outros. Todos eles em algum momento já fizeram coligações que abrangiam adversários contestados outrora. Sem apelar para amnésia não dá para ignorar a história recente.