O ex-governador do Ceará Ciro Gomes (PDT), crítico assíduo do governo Bolsonaro, conversou com o UOL Entrevista e se revelou a favor do impeachment de Jair, mesmo sem ter certeza se a retirada dele do governo aconteceria de fato.

“Uma coisa é o presidente da Câmara processar o impedimento, despachar que é praticável e, daí, tem um longo processo. O presidente da Câmara apenas inaugura o processo, o primeiro ato é constituir comissão mista, isso é muito importante e (Rodrigo) Maia não entendeu”, diz Ciro.

O vice-presidente do Partido Democrático Trabalhista enxerga a abertura do processo de impeachment como “uma aposta na qual o Brasil só ganha”. Isso porque a intenção de impedir poderia fazer Jair Bolsonaro (sem partido) “moderar, passar a tentar a se acertar, o Brasil ganha com isso e nas eleições faz sua mão saneadora”, no caso do impeachment não ser concluído.

“Se não moderar, tem esse mecanismo que evita curto-circuito e acabou, por aí o país também se reconcilia. É indesculpável não avaliar isso”, afirma Gomes.

Para o ex-ministro, as manifestações do 07 de setembro foram uma tentativa de Bolsonaro parecer poderoso. “Como todo covarde e frouxo, essa demonstração de força é demonstração de fraqueza e isolamento”, explica. Ciro enxerga as falas de Jair como “aposta macabra e suicida, resta saber se é sincera ou mais um blefe. Os covardes costumam blefar”.

Sobre as eleições de 2022, Gomes comenta não ter alianças certas para disputar o cargo de presidente, mas afirma que está se esforçando para manter os laços. “Lula tem sua força, Bolsonaro tem o resto de sua força, tem gente rivalizando e, desses aí, estou melhor posto a dois anos das eleições”, finaliza.