O presidente da Associação Brasileira das Empresas Importadoras e Fabricantes de Veículos Automotores (Abeifa), José Luiz Gadini, afirmou nesta segunda-feira, 8, que o governo do presidente em exercício, Michel Temer (PMDB), não está sinalizando mudar as regras da sobretaxa cobrada para a comercialização de importados no Brasil.

Ele afirmou que tem conversado com integrantes do novo governo, incluindo o próprio Temer e o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, para eliminar a regra atual. Além do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), veículos importados fora do Mercosul têm uma cobrança de taxa adicional de 30 pontos percentuais.

“Ele (Michel Temer) entende que a regra está totalmente errada”, afirmou Gandini. “Ele não está sinalizando mudar. Eu entendo que existem problemas maiores para resolver, mas confio plenamente que alguma coisa vai acontecer.”

Gandini espera resultados melhores para o setor após a efetivação de Michel Temer na Presidência da República. “Estamos cada dia mais tentando alterar essa lei, que é o que trava o setor. Espero que, depois da efetivação do presidente, consigamos algo de melhor para o setor”, afirmou Gandini em coletiva de imprensa.

O crescimento de 19,7% na comercialização das 18 marcas filiadas à Abeifa em julho deste ano, na comparação com o mês anterior, está maquiado pelo resultado de vendas da Kia Motors, segundo Gandini, que também preside a marca no Brasil. A empresa teve 58,1% de crescimento no período com o lançamento do Novo Sportage. “Se não fosse isso, o resultado de todas as marcas ficaria estável em relação ao mês passado”, afirmou o presidente.

Esse crescimento não irá se sustentar nos próximos meses do ano, de acordo com a Abeifa. “Com esse aumento, vamos ter que reduzir o número de vendas daqui para frente”, disse Gandini, referindo-se à cota anual de importação que o governo federal estabelece para não cobrar os 30 pontos adicionais. A projeção da Abeifa é comercializar 39 mil veículos este ano, 35% a menos que o ano passado.

Diante do atual cenário, algumas marcas correm o risco de sair do País, afirmou o presidente. Gandini não citou quais marcas, mas afirmou que se houver estímulos, algumas empresas não terão mais condições de comercializar produtos no Brasil. “Várias marcas não venderam nenhum carro no último mês, é muito difícil. Corremos o risco de alguém falar que vai embora”, disse.

Delação

Em relação às citações de integrantes do governo de Michel Temer em delação premiada a ser feita pela empresa Odebrecht na Operação Lava Jato, Gandini afirmou que não acredita no envolvimento de Michel Temer nos casos de corrupção investigados pela Polícia Federal. “Se tem alguém do alto escalão envolvido, imagino que ele substituiria. Mas não acredito que o presidente Temer esteja envolvido nisso”, destacou Gandini.