A Repórteres Sem Fronteiras (RSF) pediu, nesta quarta-feira (14), à promotoria paquistanesa que rejeite as acusações contra dois jornalistas que poderiam ser condenados à morte, unindo-se às críticas dos Estados Unidos à repressão.

Dois jornalistas paquistaneses de destaque que vivem nos Estados Unidos, Wajahat Khan e Shaheen Sehbai, foram acusados pelos protestos que tomaram o Paquistão em 9 de maio, após a prisão do ex-primeiro-ministro Imran Khan.

Uma denúncia acusa os dois homens de conspirar contra o exército e apoiar o terrorismo, alegando que os manifestantes estavam acompanhando as contas nas redes sociais dos jornalistas e de dois ex-oficiais que criticam os militares.

“Não se enganem, o único propósito desta ridícula denúncia, que associa arbitrariamente os nomes de Wajahat Khan e Shaheen Sehbai aos de ex-oficiais rebeldes do exército, é intimidar os dois jornalistas para que se calem”, disse Daniel Bastard, chefe do escritório da RSF na Ásia-Pacífico.

“Em vista do absurdo das supostas evidências incriminadoras, pedimos à promotoria de Islamabad que rejeite esta denúncia, que nunca deveria ter sido recebida”, acrescentou.

O porta-voz do Departamento de Estado americano, Matthew Miller, havia expressado anteriormente preocupação pelos julgamentos militares paquistaneses relativos aos protestos de 9 de maio.

Os Estados Unidos “urgem as autoridades paquistanesas a respeitarem princípios democráticos e o estado de direito para todos, tal como está consagrado na constituição do país”, declarou Miller.

Wajahat Khan, um conhecido jornalista independente, disse que recebeu ameaças contra sua mãe no Paquistão. “Foi de um funcionário de altíssimo escalão. Não estou levando de forma leviana”, afirmou à AFP.

Em nota, ele descreveu como “escandalosas, infundadas e absurdas” as sugestões de que seu conteúdo nas redes sociais desencadeou a violência e o terrorismo.

“Sou um orgulhoso cidadão do Paquistão (…). Dediquei minha carreira a informar das linhas de frente do Paquistão, mobilizado com o mesmo exército que essas acusações falsas alegam que estou tentando dividir”, acrescentou.

Sehbai, ex-editor do The News, disse que os paquistaneses haviam recorrido às redes sociais devido à repressão à imprensa tradicional, e que as autoridades estavam tentando reprimir vozes estrangeiras.

Imran Khan, que foi deposto por uma votação parlamentar e busca um retorno político, foi preso por três dias, acusado de corrupção pela promotoria. Sua detenção levou a milhares de prisões enquanto os manifestantes atacavam os militares.

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