Olá amigos, tudo bem?

Estou escrevendo diretamente do Indianapolis Motor Speedway, mais especificamente no meu motorhome e vou começar contando um pouco do que eu fiz hoje (terça-feira). Depois de acordar, tomei um banho, arrumei minha cama, fiz o meu café da manhã, lavei a louça, lavei umas peças de roupa, participei de umas reuniões online, dei várias entrevistas via computador, fui na garagem da Penske aqui do lado e, terminando, fui fazer os treinos de pit-stop com o pessoal do Penske Pennzoil #3. Sabem quando uma rotina como essa aconteceu antes? Nunca, nunquinha!

Não fosse a pandemia, para início de conversa, a gente tinha estado aqui em maio, não agora. Mas, de qualquer maneira, seria um compromisso atrás do outro com mídia, patrocinadores, fãs, reuniões técnicas e tudo mais o que vocês podem imaginar. Porém, essa edição, como não poderia deixar de ser, é totalmente estranha. Os eventos promocionais praticamente desapareceram, poucos jornalistas conseguiram autorização para fazer a cobertura in loco. Aquela festa dos fãs, que tanta energia positiva e carinhos nos oferece, esse ano é só uma lembrança do que já foi. Está tudo vazio, como se estivéssemos num treino privado.

Mas é importante dizer que, felizmente, o Roger Penske e as autoridades da cidade de Indianapolis e do estado de Indiana estão fazendo um grande trabalho para que tudo relacionado à Indy 500 possa transcorrer da melhor maneira possível, com todos em segurança e protegidos. Dessa forma, mesmo em casa, os fãs poderão acompanhar todas as emoções dessa grande disputa no oval mais famoso do mundo.

Tem sido também uma oportunidade de estar mais em contato com os mecânicos e engenheiros, sem aquela coisa de correr de um lado para outro o tempo todo. Obviamente que gostaria de estar vivendo outra situação, aquela que era a normal até o ano passado. Mas o lado positivo é que essa permanência mais constante ao lado da equipe é algo muito importante não apenas para a preparação do carro e discussão de estratégias e possibilidade, mas também pelo lado humano, o de poder conversar, dar mais atenção para o pessoal.

Agora, falando da classificação do final de semana que passou, foi muito ruim. Nos treinos de quarta e quinta, os carros com motores Honda andaram muito bem, mas nós, que corremos com Chevrolet, não ficamos muito atrás. Mas quando houve o reforço no turbo para o Qualifying, nossa, aí os caras da Honda foram muito, muito mais rápidos. Além disso, quando descobrimos que o caminho que estávamos adotando na Penske não era o ideal para o acerto dos carros, aí já não dava mais tempo e foi aquele resultado fraco na classificação para toda a equipe. No meu caso, largando em 28º, é uma maneira ruim de iniciar a minha 20ª participação na Indy 500.

Mas o lado bom é que descobrimos o que fazer, os mecânicos foram maravilhosos para que a gente pudesse testar o novo setup ainda no domingo e o resultado de todo esse esforço foi muito bom. Como esse reforço no turbo é só para a corrida, só foi voltar ao motor de corrida e botar na pista o carro com o novo acerto que a velocidade voltou. Fui o segundo mais rápido e é com essa configuração que a gente vai para a corrida do domingo.

Claro que largando no final do pelotão tudo fica mais difícil, não adianta negar. Mas estou muito animado em voltar para a pista e testar mais umas coisinhas no Carb Day, que acontece na sexta, 21, e é o último treino. Teremos de fazer uma corrida de muita cautela de início, fugir dos problemas que são mais propícios de acontecer no fim do grid e ser muito agressivos na estratégia. Tenho fá de que o resultado final será bem mais satisfatório do que na classificação e o trabalho tem sido intenso para transformar tudo isso em realidade.

A corrida terá início às 15h15, no horário do Brasil, e o fã da Indy 500 terá duas opções de transmissão: DAZN e Band Sports.

Conto com a torcida de todos, forte abraço e até semana que vem!

* Helio Castroneves é piloto do Acura Team Penske no IMSA WeatherTech SportsCar Championship e do Chevrolet Team Penske na Indy 500.