O novo coronavírus não conseguiu matar um dos mais tradicionais símbolos da alegria e do sentimento de confraternização que reinam no Natal. Mesmo com a pandemia e o necessário distanciamento social, as crianças poderão conversar com Papai Noel. Como em tantos outros setores da vida social, a tecnologia vai entrar em campo: a interação com o bom velhinho se dará por videochamadas nas principais cidades do País. Em São Paulo, por exemplo, o shopping São Bernardo Plaza separou um local onde o Papai Noel, devidamente trajado, vai se comunicar com as crianças remotamente. A partir de horários pré-agendados pelos pais, os filhos, numa sala ao lado, serão conectados com o bom velhinho. A pandemia mudou, da noite para o dia, os rumos do mundo. Mas a chama do Natal segue acesa com a presença enérgica e insubstituível do Papai Noel. “Nesse ano teremos mais vontade de abraçar e de estar ao lado de quem amamos”, disse o Papai Noel do São Bernardo Plaza. “Nosso papel é fortalecer o espírito de bondade e transmitir o bem-estar social”.

PROPAGANDA A figura do bom velhinho foi fixada numa campanha da Cola Cola, em 1930; abaixo, um Papai Noel negro: novos tempos de diversidade racial

Campanha publicitária

Não é a primeira vez que a figura do personagem central da festa cristã cruza com mudanças ocasionadas pela globalização. Foi a mais famosa marca de refrigerante do planeta, a Coca-Cola, que tornou, em 1930, a imagem do Papai Noel popular. Com uma grande barba branca e uma barriga volumosa, o personagem virou o grande símbolo natalino. Antes disso ele era apenas uma lenda que circulava na Ásia, na Europa e na América do Norte e era conhecido como Santa Claus. A imagem criada pelo cartunista Fred Mizen para a Coca-Cola transformou a lenda em realidade. A campanha publicitária tinha o intuito de fazer com que o refrigerante fosse cada vez mais consumido por famílias ao redor do planeta e inaugurou um novo capítulo do Natal. Um ano depois, outro cartunista também convidado da Coca-Cola, Haddon Sundblom, repaginou o símbolo natalino, inspirando-se em idosos nórdicos. Foi aí que o Papai Noel ganhou as cores oficiais de sua vestimenta, vermelho e branco, associadas, claro, às embalagens do refrigerante. No século XXI, parte dessa construção passou a ser questionada. Como a imagem do Papai Noel percorreu o mundo, a diversidade racial também passou a ser considerada. Em 2018, o Brasil teve o seu primeiro Papai Noel negro.

Divulgação

Toda essa história de magia e construção publicitária do maior símbolo do Natal parece ser uma das únicas ferramentas de esperança em tempos de pandemia. Apesar do distanciamento, o Papai Noel segue sendo o maior símbolo do Natal. Ainda que os abraços apertados fiquem para depois, ele carrega consigo (seja no saco de presentes ou na barriga) a chama de uma esperança que quase se apagou nos últimos tempos.