BOZZOLO E VICCHIO, 20 JUN (ANSA) – O papa Francisco visitou nesta terça-feira (20) as dioceses italianas de Bozzolo e Barbiana, na Itália, e elogiou a postura “ativista” dos padres italianos que vieram das duas regiões, em especial, de dom Primo Mazzolari e dom Lorenzo Vilani.   

Na primeira cidade, berço do padre Mazzolari, Francisco fez uma longa reflexão sobre os “métodos errados” que muitos líderes religiosos têm e que indicam “estradas que não seguem na direção do Evangelho”.   

“Dom Mazzolari não foi alguém que tentou reimplantar a igreja do passado, mas buscou mudar a Igreja e o mundo através do amor e da dedicação incondicional”, disse aos fiéis que acompanharam a celebração especial.   

Em outro momento de seu discurso, o sucessor de Bento XVI destacou, após citar falas do padre local, que “não devemos massacrar as costas das pessoas pobres”. “Quero repetir para todos os padres da Itália e do mundo: ‘tenhamos bom senso, não podemos massacrar as costas das pessoas pobres'”, disse o líder católico.   

Voltando suas críticas ao “proselitismo” de muitos religiosos, aquelas pessoas que tentam convencer através de discursos e palavras, o Papa destacou que Mazzolari “não fazia proselitismo porque isso não é cristão”.   

“O papa Bento XVI dizia que a Igreja não cresce pelo proselitismo, mas por atração – ou seja por testemunho. É isso que dom Primo Mazzolari fez: testemunho. Os pobres devem ser amados como pobres, sem fazer cálculos sobre sua pobreza, sem pretensões ou direito de hipoteca, muito menos aquela de fazê-los cidadãos do reino dos céus”, acrescentou.   

Após a visita de Jorge Mario Bergoglio à cidade, o bispo de Cremona, Antonio Napolioni, anunciou que o processo de beatificação de Mazzolari será iniciado no dia 18 de setembro deste ano.   

O padre Mazzolari viveu entre 1890 e 1959 e tinha uma postura muito adotada por Francisco, de ter uma “Igreja dos pobres” e de dialogar constantemente com os crentes de todas as religiões e não crentes. Também tinha um posicionamento altamente política na época de Benito Mussolini e, após se negar a celebrar uma missa para fascistas, chegou a ser denunciado por eles. Em 1931, foi vítima de um atentado, mas saiu ileso.   

Ainda em Bozzolo, Francisco protagonizou uma cena fora da programação e parou para saudar as crianças que estavam na praça em frente à igreja da cidade. Ele ainda visitou o túmulo do padre Mazzolari e depositou flores.   

– Visita a Barbiana: Na segunda etapa de sua visita, o Papa foi à igreja de Barbiana, que fica nas colinas de Vicchio, em Mugello. O local é onde viveu outro padre destacado por Francisco, don Lorenzo Milani.   

Também na cidade, o líder católico visitou o túmulo do controverso religioso.   

Em seu discurso, o Pontífice lembrou que as posturas “controversas” e combativas dos dois padres fizeram com que eles fossem um “traço de luz” para a Igreja, não deixando que ela caísse no comodismo.   

Para Bergoglio, os dois representam “a face de um clero não clerical” e foram capazes de darem vida “a um verdadeiro e próprio magistério dos párocos, que faz bem a todos”.   

Dom Milani enfrentou uma série de problemas com os bispos de sua época tendo sido enviado para a pequena Barbiana em 1954, justamente, por conta de sua postura de mudança.   

Durante seu discurso, o líder da Igreja Católica disse que daria “uma resposta ao pedido feito por diversas vezes por dom Lorenzo ao seu bispo” para que “fosse reconhecida e confirmada sua fidelidade ao Evangelho e a retidão de sua ação pastoral”. Para Francisco, assim como bispos locais atualmente, ele reconhece a postura do padre como “aquela de quem via uma maneira única de servir ao Evangelho”.   

“O padre ‘transparente e duro como um diamante’ continua a transmitir a luz de Deus em seu caminho de Igreja. Peguem a chama e levem-na adiante. Rezem por mim, não esqueçam, para que eu também siga o exemplo desse bravo padre”, finalizou Francisco. (ANSA)