VATICANO, 25 ABR (ANSA) – Duas cartas escritas pelo papa Francisco teriam expressado a determinação de excluir o cardeal italiano Angelo Becciu, condenado no Vaticano a cinco anos e meio de prisão por peculato, de um eventual conclave.
A existência dos documentos foi revelada nesta sexta-feira (25) pelo jornal Domani, em meio às tentativas de Becciu de se inserir na assembleia a portas fechadas que definirá o próximo pontífice da Igreja Católica.
As cartas teriam sido mostradas a Becciu nesta semana pelo secretário de Estado do Vaticano, cardeal Pietro Parolin, um dos favoritos das bolsas de apostas para a sucessão de Francisco.
Ambas foram escritas a mão e assinadas pelo Papa apenas com um “F”. Uma é datada de 2023, e a outra, de março passado, quando Jorge Bergoglio estava internado devido a uma pneumonia.
Além disso, segundo o Domani, Francisco teria expressado sua vontade de excluir Becciu do conclave ao cardeal Kevin Farrell, camerlengo da Igreja Católica, ou seja, o responsável pelo Vaticano no período de “sede vacante”.
Com 76 anos, Becciu foi criado cardeal pelo próprio Francisco, mas caiu em desgraça devido a denúncias de mau uso dos recursos financeiros da Santa Sé na época em que ele era o “número 2” na poderosa Secretaria de Estado.
Becciu foi processado por irregularidades na compra de um edifício em Londres com recursos do Óbolo de São Pedro, sistema de arrecadação de donativos da Igreja Católica usado para obras de caridade, não para investimentos especulativos, e em doações para um projeto beneficente administrado por um irmão.
Em setembro de 2020, o Papa demitiu o italiano do cargo de prefeito da Congregação para as Causas dos Santos e revogou os direitos associados ao cardinalato, inclusive o de votar em conclaves.
Já em dezembro de 2023, Becciu foi condenado no Vaticano a cinco anos e meio de prisão por peculato. Apesar disso, ele insiste que tem a prerrogativa de votar no conclave e afirmou que a decisão caberá às Congregações Gerais, reuniões realizadas diariamente desde a morte do Papa pelos cardeais presentes em Roma. (ANSA).