BAGDÁ, 5 MAR (ANSA) – Em mais um gesto simbólico, o papa Francisco se reuniu nesta sexta-feira (5) com religiosos e leigos na Catedral Sírio-Católica Nossa Senhora da Salvação, localizada em Bagdá, no Iraque, e que foi palco de um massacre em 2010.   

Em 31 de outubro daquele ano, 48 cristãos foram assassinados e 70 ficaram feridos durante um ataque do grupo terrorista Estado Islâmico (EI) – que na época ainda era conhecido como Estado Islâmico do Iraque e do Levante. Entre as vítimas, estavam dois padres iraquianos, que foram sepultados em duas criptas colocadas dentro da catedral após os trabalhos de restauração do local.   

Em 2019, a fase diocesana da beatificação das vítimas foi concluída e as 48 pessoas foram declaradas “servas de Deus” por seu martírio. Antes da guerra no Iraque, cerca de cinco mil famílias iam às celebrações mensalmente na catedral. Porém, desde 2018, as três igrejas sírio-católicas de Bagdá não recebem mais do que mil famílias regularmente para as missas e cultos.   

No encontro desta sexta-feira, o Papa lembrou “dos nossos irmãos e irmãs mortos no atentado terrorista ocorrido nessa catedral há 10 anos e para os quais a beatificação está em andamento”.   

“A morte deles nos lembra com força que a incitação à guerra, aos comportamentos do ódio e da violência e o derramamento de sangue são incompatíveis com os ensinamentos religiosos. E quero lembrar também de todas as vítimas de violências e perseguições, pertencentes a qualquer comunidade religiosa”, afirmou aos presentes.   

Francisco ainda ressaltou que neste sábado (6) se encontrará com líderes religiosos de diversos credos na cidade de Ur, conhecida como a “terra de Abraão”, e que todos proclamarão “mais uma vez a nossa convicção de que a religião deve servir a causa da paz e da unidade entre todos os filhos de Deus”.   

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O líder católico ainda lembrou da ampla história do Iraque tanto nas questões de sociedade como religiosas e que todas as igrejas presentes no território acabam formando um “tapete”.   

“As diversas igrejas presentes no Iraque, cada qual com o seu secular patrimônio histórico, litúrgico e espiritual, são como tantos fios de variadas cores que, entrelaçados conjuntamente, compõem um único belíssimo tapete, que não só atesta a nossa fraternidade, mas remete também para a sua fonte, pois o próprio Deus é o artista que idealizou este tapete, que o tece com paciência e prende cuidadosamente querendo-nos sempre bem entrelaçados entre nós, como seus filhos e filhas”, disse ainda.   

Lembrando da pandemia de Covid-19 e dos desafios impostos por ela no país e em todo o mundo, Jorge Mario Bergoglio chamou a atenção para o “vírus do desânimo” que não pode atingir o trabalho pastoral seja de bispos ou padres como de catequistas e leigos em geral.   

“Sabemos como é fácil ser contagiado pelo vírus do desânimo que, às vezes, parece difundir-se ao nosso redor. Mas o Senhor deu-nos uma vacina eficaz contra este vírus mau: é a esperança.   

Com esta vacina, podemos prosseguir com energia sempre nova, para partilhar a alegria do Evangelho como discípulos missionários e sinais vivos da presença do Reino de Deus, Reino de santidade, justiça e paz. Quanta necessidade tem o mundo ao nosso redor de ouvir esta mensagem”, ressaltou ainda.   

O encontro religioso era o último compromisso da agenda de Francisco no primeiro dia da viagem ao Iraque. O líder católico permanece no país até o dia 8 de março. (ANSA).   


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