O papa Francisco, de 86 anos, encerrou neste domingo, 6, com uma missa para 1,5 milhão de pessoas, sua viagem a Portugal, onde participou da Jornada Mundial da Juventude (JMJ). À multidão de jovens que fez vigília durante toda a noite no Parque Tejo, em Lisboa, pediu: “Não tenham medo”. O pontífice anunciou que a próxima edição do encontro será em Seul, na Coreia do Sul, em 2027.

Francisco percorreu os 100 hectares do parque com o papamóvel para saudar os jovens, que demonstraram todo o seu entusiasmo, apesar do cansaço por terem acampado desde sábado, enfrentando o calor e a poeira. Desde o amanhecer, um padre DJ começou a tocar hinos cristãos e reggae por meio do sistema de som.

Durante sua visita a Lisboa, o papa celebrou várias cerimônias em massa, reuniu-se com vítimas de abusos, representantes de outras religiões, jovens e doentes, e passou pelo santuário de Fátima.

Na missa de encerramento, o papa se dirigiu aos jovens que “cultivam grandes sonhos, mas frequentemente são obscurecidos pelo medo de não vê-los realizados; que às vezes pensam que não serão capazes; tentados neste tempo pelo desânimo, por se considerarem fracassados”. “Não tenham medo”, disse. Francisco relembrou as palavras do papa São João Paulo II em sua primeira JMJ: “São dos jovens que a Igreja e o mundo necessitam, assim como a terra necessita da chuva; a vocês, jovens, que são o presente e o futuro; sim, precisamente a vocês, jovens, Jesus diz: ‘Não tenham medo’”.

Participaram da cerimônia 30 cardeais, 700 bispos e 10 mil padres. O papa leu a homilia focada nos desafios para os jovens. “Amigos, nós também precisamos de algum lampejo de luz para enfrentar a escuridão da noite, os desafios da vida, os medos que nos assaltam, as trevas que frequentemente vemos ao nosso redor. O Evangelho nos revela que essa luz tem um nome. Sim, essa luz, que veio para iluminar o mundo, é Jesus.”

O presidente português, Marcelo Rebelo de Sousa, expressou surpresa pela grande mobilização que acompanhou o papa durante sua visita a Lisboa. “É algo nunca antes visto em Portugal. Fiquei surpreso porque não pensava que pudéssemos atingir isso. Chegar aos 500 mil sim, de 500 mil a 1 milhão era difícil, mas mais de 1 milhão é uma loucura. É algo nunca antes visto em Portugal.”

A mensagem de Francisco nesta semana foi de inclusão. O papa enfatizou que “todos, todos, todos” têm um lugar na Igreja. Isso se alinha com sua mensagem de que a Igreja não é um espaço de regras rígidas que só permite a entrada dos perfeitos, mas sim um “hospital de campanha” para almas feridas onde todos são bem-vindos.

“No mundo de hoje, é muito importante nos aceitarmos como somos e reconhecer nosso lugar como cristãos e validá-lo”, disse Doriane Kilundum, uma peregrina de 23 anos da República Democrática do Congo. “Nós realmente apoiamos a mensagem do Papa e estamos felizes por estar aqui.”

Doriane afirmou que a experiência de passar a noite no campo, com outros 1,5 milhão de fiéis, era algo sem precedentes para ela e outros peregrinos congoleses. “Estou acompanhada por jovens do meu país que estão se encontrando pela primeira vez com pessoas de outros lugares, e entender que somos uma única nação, para nós, é lindo”, disse ela.

A próxima edição da Jornada Mundial da Juventude em 2027 marca a volta do encontro a um país asiático, o que não acontecia desde 1995 com a edição nas Filipinas.

Criada em 1985 pelo papa João Paulo 2.º (1920-2005), a Jornada Mundial da Juventude é o maior evento internacional da Igreja Católica.

(Com agências internacionais)